Logo depois de o Ministério da Educação divulgar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na quarta-feira, 18, as principais instituições de ensino superior do País iniciaram uma operação de guerra para fechar o maior número de contratos com alunos. Os próximos dias estão entre os mais importantes do ano para o setor – que teve um faturamento líquido de R$ 49,2 bilhões em 2015, segundo a consultoria Hoper -, pois 5,8 milhões de estudantes fizeram a prova em 2016 e agora poderão escolher uma faculdade.

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Para conseguir captar os alunos, as instituições realizam, desde o ano passado, um trabalho semelhante ao das varejistas na Black Friday, concentrando no mesmo espaço, batizado de “sala de guerra”, profissionais de tecnologia e de marketing, que rastreiam as demandas para oferecerem as melhores ofertas ao público-alvo.

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“Esse é o melhor momento do ano para nós. Quando sai o resultado do Enem, 6 milhões de candidatos veem se podem estudar em uma universidade pública com base em sua nota. Se não têm essa opção, procuram as privadas”, diz Tatiana Rocha, diretora de marketing da Estácio de Sá.

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De acordo com Tatiana, as consultas pelos interessados por uma vaga triplica na Estácio nos dias posteriores à publicação da nota, em comparação com o ritmo registrado diariamente entre setembro e o começo de janeiro. Cerca de 30% dos novos alunos da instituição garantem sua vaga pelo resultado no Enem, e não pelo vestibular. Para os cursos de medicina da Estácio, a única possibilidade de entrada é por meio do exame nacional. O grupo recebeu 252 mil novos estudantes de graduação apenas no ano passado.

No grupo DeVry, que tem entre suas principais instituições de ensino o Ibmec e a Damásio, 22% dos novos alunos do primeiro semestre de 2016 entraram na instituição por meio do Enem. A diretora de marketing da companhia, Priscilla Ramos, afirma que o exame tem ganhado força como método de seleção e que o trabalho no período após a divulgação das notas é importante para tirar todas as dúvidas dos estudantes, garantindo que eles façam a matrícula. “É a hora de colher o que construímos no ano todo.”

Interesse. No ano passado, nas duas semanas seguintes à divulgação do resultado do Enem, as buscas na internet pela palavra universidade cresceram 50% e as buscas genéricas (com palavras como “faculdade de medicina”, por exemplo) aumentaram 113% na comparação com a média semanal do restante do ano, segundo dados do Google.

“Notamos que o Enem era uma das palavras mais buscadas, e buscas significam negócios”, afirma o gerente do setor de educação do Google Brasil, Vicente Carrari. Foi aí que a empresa de tecnologia passou a dedicar profissionais para acompanhar os das universidades nesse período de intensa captação de estudantes.

A estratégia que se decidiu adotar foi a mesma da Black Friday: os funcionários do Google analisam o comportamento dos estudantes na internet. Caso eles percebam, por exemplo, que a procura por cursos de direito aumentou, podem aconselhar as instituições a aumentarem a publicidade online de suas faculdades de direito ou a oferecerem descontos na matrícula para o curso. Na quarta-feira, 18, em uma busca no Google, entre os links patrocinados, apareciam promoções de primeira mensalidade a R$ 59 e descontos de 50%.

De acordo com Carrari, as instituições de ensino consideram viável pagar, em média, R$ 500 por cada clique de um estudante em seu site que se converte em matrícula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.