Após Confins, CCR quer mais concessões

Com a vitória na disputa pelo aeroporto de Confins, em Minas Gerais, a CCR, que atua hoje basicamente com concessões de rodovias, entra numa nova área. E acredita que, nesse novo negócio, terá até mais flexibilidade para conseguir o retorno desejado.

De acordo com o diretor de Novos Negócios da CCR, Leonardo Vianna, o ativo aeroporto oferece um maior número de possibilidades de obtenção de receitas do que as rodovias, cuja grande parte da arrecadação decorre da cobrança de pedágio. “O aeroporto tem certa flexibilidade na busca de receitas”, afirmou. Entre essas alternativas está, por exemplo, a exploração comercial da área do aeroporto.

Segundo Vianna, a oferta por Confins levou em conta os investimentos que o governo de Minas Gerais pretende fazer na região do aeroporto como um potencial adicional de demanda e receita. Ele lembrou do projeto mineiro de transformar a região de Confins em um “aerotrópolis”.

A CCR liderou o consórcio AeroBrasil, que venceu a concessão do aeroporto mineiro com uma proposta de R$ 1,82 bilhão, ágio de 66%. A empresa entrou na disputa em parceria com as operadoras Flughafen Zurich (Zurique) e Flughafen Munchen (Munique).

O consórcio chegou ao leilão desta sexta com a operadora de Zurique tendo 24% e a de Munique, 1%. Vianna, no entanto, contou que, em um segundo momento, ambas terão a mesma parcela de participação no grupo. “Essa é uma situação provisória, o consórcio será dividido em duas partes iguais”, disse. “As operadoras já têm um acordo entre elas.”

Leonardo Vianna disse também que a companhia não vai parar no leilão de aeroportos na busca de novos ativos para seu portfólio. O executivo contou que já nesta segunda-feira a empresa vai entregar proposta para a concorrência pela concessão da BR-163, no trecho de Mato Grosso, e que deverá disputar também as demais rodovias que deverão ser licitadas ainda neste ano. “Segunda-feira voltamos à bolsa para entregar proposta, vamos entregar para os próximos dois lotes de rodovias”, disse.

Segundo o executivo, a CCR pretende participar de todas as concessões programadas pelo governo federal nos próximos meses. Vianna afirmou que as condições financeiras da companhia permitem que ela dispute mais ativos e que não haverá descontrole no endividamento, apesar de haver a possibilidade de os acionistas permitirem um maior nível que a atual relação entre dívida líquida e Ebitda (geração de caixa) de 3 vezes a 3,5 vezes . “Os nossos acionistas podem permitir ultrapassar o nosso limite de endividamento. Não há dogma nisso”, afirmou.

Diversificação. A conquista da concessão do aeroporto de Confins, em Minas Gerais, é positiva para a CCR porque colabora na diversificação do portfólio do grupo de concessões, avaliaram os analistas da Votorantim Corretora, Sami Karlik e Rodrigo Olivares.

“A CCR está diversificando seu portfólio para aumentar sua exposição a setores que devem trazer retornos mais altos que o de concessões rodoviárias, como aeroportos e mobilidade urbana”, disseram os profissionais em relatório, lembrando que recentemente a companhia conquistou a concessão do metrô de Salvador e também participa no consórcio que ganhou o projeto de VLT (veículo leve sobre trilhos) no Rio de Janeiro. Eles também disseram não esperar que o novo ativo gere um impacto significativo no valor de mercado da CCR, dado o grande valor da companhia, explicaram.

Já o BTG Pactual prevê que o aeroporto de Confins propiciará uma criação de valor “marginal” para a CCR, mas não revelou um número estimado aproximado, justificando que espera mais detalhes sobre a estratégia da companhia antes de incorporar a nova concessão no modelo de avaliação para o grupo.

Os analistas Renato Mimica, Felipe Nüslli e Samuel Alves destacaram, em relatório, que a CCR tem sido muito ativa em obter novos projetos recentemente, surpreendendo investidores que antes viam a companhia como mais conservadora.

Para os profissionais, o maior apetite da companhia não gera implicações para a avaliação da CCR. Segundo eles, os projetos não são tão grandes a ponto de mexer com a avaliação da companhia, mas pouco a pouco permitem que o grupo de concessões siga adicionando ativos e prazo (das concessões) ao seu portfólio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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