Os contratos futuros de petróleo terminaram em leve queda nesta quarta-feira (17) depois de atingirem o recorde intraday de US$ 89,00 o barril com a notícia de que o Parlamento turco aprovou uma incursão militar contra os curdos no Norte do Iraque. Os participantes do mercado decidiram realizar lucros, acreditando que finalmente foi atingido um nível que precifica todos os temores, segundo Phil Flynn, analista sênior de mercado da Alaron Trading Corp, em Chicago.
O petróleo futuro bateu uma série de máximas históricas na última semana, subindo 11% sobre as seis sessões anteriores. Esta última alta foi desencadeada pela tensão entre a Turquia e o Iraque. No início do mês, o governo turco sinalizou que queria ações mais agressivas contra um grupo rebelde curdo com bases no Iraque que vêm lutando por autonomia no Sul da Turquia.
Com o petróleo se aproximando de US$ 100 o barril, vários analistas elevaram sua previsão de longo prazo, aumentando os temores de que os altos preços de energia podem puxar para baixo o crescimento da economia global.
A queda nos estoques de petróleo dos EUA estava favorecendo o avanço do preço antes que as tensões Turquia-Iraque ganhassem destaque. Mas, na semana passada, os estoques de petróleo e gasolina subiram mais do que o esperado, informou nesta quarta-feira o Departamento de Energia (DoE) dos EUA. Os derivados, que incluem óleo de calefação e diesel, contrariaram as expectativas e subiram.
O DoE apurou aumento de 1,8 milhão de barris nos estoques de petróleo na semana que terminou em 12 de outubro em comparação à anterior, para 321,9 milhões de barris. A previsão média dos analistas ouvidos pela Dow Jones era uma alta de 1 milhão de barris. Os estoques de gasolina avançaram 2,8 milhões de barris na semana passada, para 195,8 milhões de barris. A previsão média para a variação nos estoques de gasolina era uma alta de 1 milhão de barris. Os estoques de destilados avançaram 1 milhão de barris para 136,3 milhões de barris, contrariando a previsão de queda de 400 mil barris
Isso, juntamente com indicações de uma desaceleração na economia dos EUA no fim do terceiro trimestre e começo do quarto, levou a uma onda de realização de lucro, disse Flynn.
A atividade econômica continuou se expandindo em setembro e outubro, mas o ritmo do crescimento desacelerou desde agosto, segundo o Livro Bege, sumário da atividade preparado pelas regionais do Fed para a reunião do Fomc dos dias 30 e 31 próximos.
"Boa parte da alta do petróleo se devia à economia", disse. "Um pouco mais de incerteza econômica entrou na equação e foi suficiente para a realização de lucros", acrescentou.
A recente alta do petróleo remete ao conflito em julho de 2006 entre Israel e o grupo guerrilheiro Hezbollah, que levou o petróleo a US$ 78,40. Embora a ação militar ocorresse longe dos campos de petróleo e rotas de transportes, os operadores temiam que o Irã, rico em petróleo, retaliasse com a interrupção da oferta. Em contraste, o Iraque produz petróleo e os dois países possuem uma rede de oleodutos vital para a entrega do petróleo aos clientes do Ocidente.
Nesta quarta-feira, O Parlamento da Turquia aprovou por ampla maioria uma possível ofensiva militar contra os rebeldes curdos no Norte do Iraque, embora o governo pareça querer dar mais tempo para que as pressões diplomáticas sobre o governo iraquiano apoiado pelos EUA dêem resultados. As autoridades turcas destacaram que a incursão não é iminente
Uma operação militar poderia interromper a produção de petróleo do Iraque e afetar as exportações pelo oleoduto no Norte do Iraque, que já sofreu interrupções freqüentes nos últimos anos, disse Lawrence Eagles, chefe da Agência Internacional de Energia (AIE). "Não acho que estejamos perto de qualquer mudança drástica", afirmou Eagles.
Mas, como no conflito Israel-Hezbollah, há um risco de que os preços despenquem se as relações entre Turquia e Iraque não se deteriorarem. Os preços começaram uma consistente tendência de queda quando o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah foi anunciado em agosto de 2006 e continuaram caindo até US$ 49,00 o barril, em 18 de janeiro de 2007.
As situações são semelhantes no fato de que "boa parte do rali da última semana foi puxado pela expansão do prêmio de risco geopolítico", disse Jim Ritterbusch, presidente da Ritterbusch & Associates. "As tensões na fronteira Turquia-Iraque não tiraram petróleo do mercado e não devem tirar", acrescentou.
Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o petróleo leve para novembro fechou em queda de 0,24%, em US$ 87,40 o barril. O contrato do Brent para dezembro fechou em baixa de 0,50%, em US$ 83,13 o barril. As informações são da agência Dow Jones.