O dólar ensaiou um novo dia de queda nesta quinta-feira e, depois de tocar os R$ 3,99 pela manhã, mudou de direção e terminou o dia valorizado frente ao real. Após um início de semana de forte recuo, a percepção dos operadores é de que ainda não há subsídios suficientes para manter o câmbio abaixo dos R$ 4. Ao se aproximar desse patamar, atraiu compradores, o que levou a moeda a operar em alta praticamente por toda a tarde. No fim do pregão, marcava os R$ 4,0446, alta de 0,29%.
O movimento acompanha o ocorrido na maior parte dos emergentes, consolidando um dólar mais forte após sinais de maior tração da economia americana em contraposição à europeia. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro permanece próximo da marca de 50, o que indica estagnação da atividade. Além disso o PMI industrial da região frustrou a projeção do mercado.
Imediatamente antes do fechamento, o dólar chegou a tocar a máxima do dia, aos R$ 4,0451 (+0,30%). “O dólar chegou num piso forte, bateu os R$ 4 e chamou compradores. Isso dá um recado para quem estava segurando os negócios de que pode ser que leve um tempo para romper esse suporte”, pontuou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
“R$ 4 é um número redondo, é psicológico. Não quer dizer que não possa cair mais, mas não muito, por enquanto”, completou o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior.
Para os analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, num contexto de dólar forte globalmente, a menos que novas informações favoreçam o real internamente, os investidores devem aguardar o leilão do excedente da cessão onerosa para tomar apostas em um dólar mais baixo. Há uma expectativa de entrada maciça de recursos, uma vez que o leilão deve girar algo em torno de R$ 100 bilhões.
Na semana, contudo, o dólar ainda acumula uma queda significativa frente ao real, de 1,85%. No mês, a conta também é positiva para a moeda brasileira e o dólar acumula perda de 2,71% ante a divisa.
Faria Junior, da Wagner Investimentos, pondera que ainda é cedo, no entanto, para falar em uma reversão. “Ainda é muito cedo para afirmar que o dólar cairá para R$ 3,90 e muito cedo para imaginar a moeda perdendo a sua longa tendência de alta, que começou no ano passado. Para termos a reversão de tendência, precisaríamos ver a cotação rompendo R$ 3,85”, disse, em relatório.