APLs mobilizam indústrias do interior

A parceria está fazendo a diferença para 10 pólos produtivos do Paraná. Incentivadas pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), as indústrias que constituem estes pólos passaram a atuar de forma conjunta em 2004, organizadas em Arranjos Produtivos Locais (APLs).

"Caracterizado pela concentração de indústrias de um mesmo segmento ou de atividades complementares, o APL permite avanços que dificilmente as empresas atuando de forma isolada conseguiriam, porque tem como lema a cooperação", destaca Gina Paladino, diretora executiva do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), instituição do Sistema Fiep que presta consultoria aos APLs.

Segundo Gina, atuando na forma de APL as indústrias podem fazer compras conjuntas de matéria-prima, estabelecer consórcio para exportação, compartilhar processos tecnológicos e de capacitação de mão-de-obra. Desta forma, as indústrias ganham em escala, reduzem custos e conseguem ser mais competitivas.

Os 10 APLs são: vestuário, em Cianorte; bonés, em Apucarana; móveis, em Arapongas; portas e janelas, em União da Vitória; cal e calcário, na Região Metropolitana de Curitiba; mandioca, em Paranavaí; malhas, em Imbituva; metais sanitários em Loanda; madeira, em Guarapuava; mesas de bilhar, em Jaguapitã.

Destas 10 iniciativas, duas já são referências para projetos nacionais. O de vestuário, de Cianorte, está entre os oito APLs eleitos pelo BNDES em todo o País para integrar um laboratório que vai identificar uma nova modalidade de financiamento do banco específica para esta forma de organização da economia local.

Além disso, o APL de Apucarana, formado por indústrias de bonés, foi incluído no Grupo de Trabalho para Arranjos Produtivos Locais, instituído pelo presidente da República para o estudo de soluções criativas e viáveis para o desenvolvimento econômico e social, com ênfase nas micros e pequenas empresas.

Vestuário

Como um dos primeiros resultados da atuação em APL, as indústrias do vestuário de Cianorte vão ganhar em 2005 uma Escola Fábrica do Senai. A necessidade foi levantada durante o Encontro de Planejamento Compartilhado, organizado pelo Sistema Fiep em abril último, quando os empresários do setor reuniram-se para estabelecer um plano estratégico de crescimento.

"Um dos nossos principais entraves é a carência de mão de obra qualificada", afirma Wilson Becker, presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Cianorte (Sindivest). Segundo ele, as 350 indústrias do município têm cerca de mil vagas em aberto que não são preenchidas porque não há profissionais habilitados no mercado. A escola vai suprir esta necessidade e atender de forma conjunta a todas as indústrias.

Em outubro último, 29 indústrias de cal e calcário de Colombo, Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul reuniram-se para definir os projetos que serão trabalhados em conjunto para o desenvolvimento do setor. Segundo a presidente do Sindicato da Indústria do Cal (Sindical), Ezilda Furquim, a proposta é melhorar a competitividade das indústrias que, juntas, podem produzir 1,5 milhão de toneladas de cal por ano, mas atualmente estão operando com apenas 60% da capacidade total.

"Atuando de forma cooperada, as indústrias podem tirar melhor proveito da grande produção, avançar mais rapidamente, viabilizar a tomada de recursos para financiamento e superar as dificuldades atuais, concentradas principalmente na área de meio-ambiente, vendas e logística", acredita a representante do setor.

A atuação cooperada também é a fórmula das malharias de Imbituva para transformar o município em referência no setor. Investir na qualificação da mão-de-obra, vender o ano todo e buscar o mercado externo estão entre as prioridades dos empresários do município dentro da proposta de implantação do Arranjo Produtivo Local.

Outro município que organiza uma cadeia produtiva em APL é União da Vitória (PR). A cidade está em terceiro lugar no ranking nacional na produção de esquadrias de madeira (portas e janelas). São 190 micros e pequenas indústrias que geram 2.230 empregos diretos. A produção estimada mensal é de 125.000 portas e 58.000 janelas.

Para organizar o Arranjo Produtivo, os empresários têm o apoio do Sistema Fiep e Sebrae e receberam também recursos do Programa de Apoio à Competitividade das Micros e Pequenas Indústrias (Procompi), da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), para investimentos em gestão empresarial, estudo de mercado, inovação tecnológica e design.

Bonés

Outro APL que recebeu apoio do Procompi foi o de bonés, de Apucarana, cidade que responde por 50% da produção brasileira do produto. Em Arapongas, as indústrias de móveis também estão organizadas em APL. São 145 empresas do setor de mobiliário que geram 5.500 empregos diretos. Outra cidade envolvida neste novo processo produtivo é Loanda, que reúne uma série de empresas de torneiras e metais sanitários.

"Se não houver união não há como avançar", afirma Edílson José Mella, presidente da Associação Comercial e Industrial de Loanda. Ele acredita que 80% dos empresários estão conscientes da necessidade da organização do setor. "Estamos engatinhando. Tudo vai depender da vontade dos empresários, estou torcendo pelo sucesso da iniciativa", disse.

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