O resultado da escassez e encarecimento do crédito será a queda contínua dos investimentos do Brasil. A previsão é que o País termine 2015 com a pior taxa de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) desde 2006. Projeções da agência de classificação Austin Rating mostram que a taxa cairá de 19,7% para 17,3% do PIB.

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Sem perspectivas de melhora no curto prazo, seja no campo econômico ou político, as empresas estão em compasso de espera, adiando investimentos e engavetando projetos.

“A economia cresce com base na confiança de investidores e consumidores. Uma notícia ruim como o rebaixamento traz um dano para a confiança. O empresário fica mais receoso e começa a repensar os investimentos”, afirma Michael Viriato, coordenador do laboratório de Finanças do Insper. “E o consumidor fica com medo de perder o emprego. Ele restringe ainda mais o consumo. Ficamos num círculo vicioso.”

A grande crítica é que uma expansão nos investimentos, em especial no setor de infraestrutura, poderia ser o fôlego para a retomada do crescimento econômico. “Mas o que estamos vendo é o contrário: uma perda de fôlego do governo para investir em infraestrutura”, afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

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“Com a perda do grau de investimento, o esforço para reformar a economia terá de ser ainda maior. Talvez essa decisão (da S&P) possa pressionar o Congresso para ficar mais disposto e aprovar medidas importantes e o governo cortar gastos necessários.”

É o que o mercado espera para melhorar a situação fiscal do País e reverter o quadro de recessão. Na coletiva, após a perda do grau de investimento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não apresentou medidas concretas para as contas públicas, mas indicou novo corte de gastos e aumento de impostos.

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“O que o mercado gostaria de ver nesse momento são medidas que tragam sustentabilidade para a dívida”, afirma Marcelo Kayath, diretor de renda fixa e variável do Credit Suisse na América Latina. “O que vai fazer o mercado de capitais se movimentar ou não depende das medidas que a equipe econômica vai tomar.”

O governo também se movimenta para evitar que as outras duas agências de rating, Fitch e Moody’s, não rebaixem o País. Mas, na avaliação de Kayath, “o mais provável” é que todas retirem o grau de investimento. “O timing de cada agência é diferente, mas eu não vejo como manter o grau de investimento com os números que estão no mercado.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.