O governo liberou crédito mais barato, desburocratizou o processo de financiamento e isentou de vez a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mas o mercado de caminhões ainda não reagiu. As vendas caíram 12,6% em relação ao primeiro semestre de 2013, totalizando 64,6 mil unidades.
A previsão de fabricantes e analistas é de que ocorra uma reação na segunda metade do ano, mas não o suficiente para reverter toda a queda. Os números finais devem ficar próximos aos de 2012, quando foram vendidos 139 mil caminhões. As vendas naquele ano despencaram quase 20% em relação ao volume recorde de 2011, de 172,8 mil unidades, após reajustes de preços em razão da mudança da tecnologia dos motores, que passaram a adotar a norma Euro 5.
“Comecei o ano prevendo crescimento de 3% a 5% nas vendas, mas agora já trabalho com uma queda de dois dígitos, mesmo que ocorra uma melhora nos próximos meses”, diz o presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes. Em junho foram vendidos 10,7 mil caminhões, queda de 17% ante maio e de 18% em relação a igual mês do ano passado.
André Beer, da André Beer Consult, lembra que o mercado de caminhões acompanha o ritmo da economia, que está desacelerando. “Num quadro desses, as empresas não adquirem caminhões porque custam caro e não terão uso, já que não há produto a ser transportado.”
Beer e Cortes acreditam em uma melhora do mercado depois da Copa. “Mas não haverá tempo de recuperar a queda até agora”, diz Beer. Ele prevê redução de “10% ou mais” na comparação com o total do ano passado, de 154,5 mil unidades.
Corte na produção. Todas as fabricantes de caminhões do País já adotaram medidas de corte de produção, como férias coletivas, lay-off (suspensão de contratos de trabalho) e programas de demissão voluntária (PDVs). “No segundo semestre há riscos de as empresas terem de fazer ajustes no quadro de pessoal, pois não dá para manter essas medidas permanentemente”, afirma Beer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.