Os resultados favoráveis neste início de ano da indústria, comércio e emprego mostram que o ritmo de economia não estava tão ruim quanto se pensava. No entanto, isso não indica que esteja ocorrendo uma aceleração da atividade, segundo economistas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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Em janeiro, as vendas do comércio cresceram 0,4%, depois de terem recuado 0,2%, na comparação mensal, descontado o comportamento típico do mês. A produção industrial aumentou 2,9% em janeiro, após dois meses seguidos de retração. Por fim, em fevereiro foram abertos 260 mil empregos formais, a maior geração de vagas para o período desde 2011.

“Ainda é cedo para falar em recuperação”, afirma o ex-secretário de política econômica, Júlio Gomes de Almeida. Segundo ele, o crescimento da indústria reflete o ciclo dos estoques: os empresários temiam o encalhe e, por isso, reduziram a produção em dezembro. Em janeiro tiveram de retomá-la, porém a expansão foi muito menor do que a queda do fim do ano.

Essa também é a avaliação da economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. “Não acho que esses resultados indiquem uma mudança no padrão do crescimento. No caso da indústria, existe um pouco do efeito do estoque.”

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A economista diz que há muito “ruído” na economia e essa seria a razão de os indicadores estarem andando em zigue-zague. Para ela, a atividade econômica hoje não tem um motor que garanta a aceleração no ritmo de crescimento. Zeina mantém a projeção de 1,5% para o PIB deste ano e com perspectiva de baixa.

Sem brilho

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Na avaliação do economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, o dados de janeiro e fevereiro divulgados mostram que a economia não está “afundando”. Mas ele ressalta que não é possível dizer que esteja acelerando também. “Projetamos expansão de 0,5% do PIB do 1º trimestre, em comparação a uma alta de 0,7% no 4.º trimestre de 2013. Isso indica que o crescimento deste ano será de 2%, o que está longe de ser brilhante.”

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, diz que não tem motivos para mudar a sua projeção do PIB para o trimestre e para o ano, de 0,7% e 1,7%, respectivamente, por causa desses dados mais positivos. “A confiança do empresário e do consumidor continua ruim, e há os efeitos da alta da taxa básica de juros.”

Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências, também não acredita que os indicadores chancelem a aceleração da atividade. De toda forma, por causa dos resultados, ela reduziu menos a projeção para o PIB: de 2,1% para 1,9%. Sem esses dados, a projeção seria de 1,7% para o ano.

“Os resultados do começo de ano podem enganar um pouco a tendência para o ano”, diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Mais pessimista que seus pares, ele projeta expansão de 0,4% para o PIB no trimestre. Para ele, os dados favoráveis serão revertidos em março, com queda na indústria e alta menor do emprego. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.