A crise internacional que derrubou a indústria brasileira pouco afetou o Estado de Goiás, que vem registrando resultados muito superiores à média nacional. Em agosto, na comparação com igual mês do ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção na indústria goiana registrou alta de 3,2%, no único resultado positivo entre as 14 regiões pesquisadas pelo instituto, ante uma queda de 7,2% na média do País no período.
Além disso, o bom desempenho de Goiás em meio à crise pode ser ilustrado pelo fato de que essa foi a única região pesquisada que apresenta aumento na produção em agosto (5,2%) ante setembro do ano passado, mês que marcou o patamar recorde da indústria nacional e foi o último antes dos efeitos das turbulências sobre o setor industrial. Nessa comparação, a indústria nacional ainda registra queda de 10,2%.
No acumulado de janeiro a agosto de 2009, ante igual período do ano anterior, a indústria goiana acumula queda, como as demais regiões, mas neste caso também a magnitude é muito diversa: -2,3% no Estado, para -12,1% na média nacional.
A economista da coordenação de indústria do IBGE, Isabella Nunes, explica que a indústria goiana tem segmentos com significativa fatia de venda para o mercado interno, que continuam se beneficiando com a continuidade do aumento da renda e a resistência do mercado de trabalho. Como exemplo, ela cita a indústria farmacêutica, que tem forte peso na economia local, e o setor de alimentos. Mesmo em nível nacional, a indústria farmacêutica, com alta de 6,0% em agosto ante igual mês do ano passado e aumento de 9,6% no acumulado do ano, tem apresentado resultados muito diferenciados, positivamente, dos demais segmentos industriais pesquisados pelo IBGE.
O presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Paulo Afonso Ferreira, explica que vários fatores estão possibilitando à indústria do seu Estado uma expansão acima da média. Como principais, ele cita o forte peso dos produtos alimentícios, cujo consumo no País continua em alta; a fartura de minérios cujas exportações prosseguem com dinamismo, como lítio; o forte peso do setor farmacêutico, com produção de medicamentos, inclusive genéricos – Goiás é o terceiro maior polo desse segmento no Brasil -; bom desempenho do setor de fertilizantes e novos projetos de açúcar e álcool.
A expectativa da Fieg é de um aumento de 3% a 4% na produção industrial goiana em 2009 ante o ano passado. Caso a projeção seja confirmada, o desempenho será mais uma vez bem superior à média nacional, que segundo estimativas do último boletim Focus, deverá registrar uma queda de -7,56% este ano.