O mercado de trabalho já dá sinais de desaceleração e as medidas do governo para conter a inflação devem diminuir o ritmo de atividade do País, mas mesmo assim o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mantém a projeção de criação de 3 milhões de novos empregos com carteira assinada este ano. Em janeiro, foram gerados 152 mil de postos, já descontadas as demissões, uma diminuição em relação às 181 mil vagas líquidas formais vistas no mesmo mês de 2010.
Com a nova série histórica apresentada hoje (24) pelo Ministério do Trabalho, a distância entre os meses de janeiro de um ano para o outro é ainda maior. O governo incluiu as informações das empresas que enviaram seus dados de contratação com atraso. Isso elevou o saldo, que registrou 240 mil novos empregos em janeiro de 2010, acima dos desligamentos.
Para Lupi, o que vale é que o número divulgado hoje é o segundo melhor para o mês, perdendo apenas para o do ano anterior. O saldo de janeiro foi fruto de 1,650 milhão de profissionais admitidos contra 1,498 de desligados – os maiores resultados para o mês em questão.
O ministro não enxerga, no entanto, a diferença de um ano para o outro como uma desaceleração e defende que janeiro de 2010 foi fortemente influenciado pela contratação de funcionários pela indústria brasileira, que acabou dispensando seus quadros no auge da turbulência econômica. “Atipicamente, em janeiro de 2010, a indústria bombou mais porque tinha demitido mais na crise.”
Na avaliação de Lupi, o quadro atual da economia brasileira é passageiro. “Essa fotografia de taxa de juros maior e crédito menor deve começar a mudar em três ou quatro meses”, disse. “O que estamos vendo é uma adequação do governo para que a inflação não volte”, acrescentou.
Por conta disso, o ministro acredita que a engrenagem volte a funcionar com força total nos próximos meses, o que deve levar o emprego a registrar novo recorde este ano. Em 2010, segundo dados atualizados ontem, foram criados 2,5 milhões de vagas, maior saldo anual até então.
Salários
O Ministério também informou hoje que o salário médio de admissão subiu 4,78%, já descontada a inflação, de 2009 para 2010, passando de R$ 795,81 para R$ 833,86. Apesar disso, foi verificado um distanciamento ainda maior entre a remuneração feminina e a masculina, já que o reajuste dos homens no ano passado foi em média de 5,20%, enquanto o das mulheres foi de 4,09%.
Durante os oito anos do governo Lula, o incremento do salário do recém contratado foi ampliado em 29,03%. Em 2003, a remuneração na admissão era, em média, de R$ 646,23. O destaque das altas foi para os Estados do Norte e Nordeste. “Tem muita indústria indo para lá e o brasileiro começa a descobrir o Nordeste”, argumentou Lupi.