O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou, após participar, no domingo (12), da Reunião Anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington, que a crise poderá acabar resultando em redução de preços no Brasil. Em entrevista concedida à reportagem do jornal “Bom Dia, Brasil”, da Rede Globo, Mantega declarou: “O Brasil tem uma situação específica em relação aos juros no que diz respeito ao quadro inflacionário. Se houver uma mudança do quadro inflacionário, talvez a partir dessa retração da economia mundial e da queda dos preços das commodities (matérias-primas) – ou seja, o petróleo caindo como está caindo, trigo, milho, grãos etc. – então, nós teremos também, no Brasil, uma redução de preços.”

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O ministro, falando antes de serem conhecidos os bons resultados das bolsas de valores asiáticas e européias, afirmou, que as medidas adotadas pelos países da Europa contra a crise financeira internacional e os entendimentos anunciados nos Estados Unidos não são suficientes para tranqüilizar os mercados. “Um fator muito importante nesta crise é a questão da confiança. O que foi feito pelos Estados Unidos e Europa não é suficiente para debelar a crise na sua forma mais aguda. Eles terão que fazer mais”, afirmou o ministro da Fazenda.

Na avaliação de Mantega, grande parte da solução do problema pode estar nos países emergentes: “75% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial dependem do crescimento dos países emergentes e não mais dos países avançados. Essa é a diferença. Poderemos garantir certo crescimento da economia mundial”

O ministro voltou a admitir que o Brasil será atingido pela crise, mas reafirmou sua avaliação de que a crise no País será menor: “Hoje, o mundo é globalizado, todo interconectado. Mas o Brasil é menos atingido, porque o setor financeiro é sólido, a economia (está) crescendo. Nós temos um mercado interno que os outros não têm, e ele pode substituir o mercado externo, que vai diminuir, vai encolher. Nós temos reservas de US$ 200 bilhões, coisa que nós nunca tivemos. Ter reservas, nesta hora, significa estar preparado para um ataque especulativo, (para um) problema cambial.”

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Mantega tentou tranqüilizar inclusive “aqueles que perderam na bolsa (de valores) e talvez estejam preocupados com isso”. Ele previu que, “em outros momentos, ela (a bolsa) vai-se valorizar, porque os ativos que estão na bolsa são sólidos.”