O Banco Central do Brasil divulgou na terça-feira (27) os dados sobre o volume das operações de crédito e nível de inadimplência no sistema financeiro nacional referente ao mês de dezembro e do ano de 2008 consolidado. A despeito da crise mundial, que assola as economias industrializadas e já se apresenta com vigor sobre a economia brasileira, o volume de crédito no sistema financeiro nacional atingiu a marca de R$ 1,227 trilhão em 2008, com crescimento de 31,1% sobre o ano de 2007 e de 1,6% em relação ao mês de novembro. Em 2007, o volume total de crédito já havia crescido 27,8%.
Em relação ao PIB, o volume de crédito atingiu seu maior nível histórico com 41,3%, mas mesmo assim segue muito abaixo do nível observado em outros países emergentes. Vale destacar ainda, que o nível de inadimplência total, em termos anuais, recuou de 4,7% para 4,2% do total dos empréstimos em atraso acima de 90 dias.
Na segregação entre as operações realizadas pelas pessoas jurídicas e pessoas físicas, o destaque ficou por conta da primeira (PJ), que atingiu o volume de R$ 477,3 bilhões e crescimento de 39,1% sobre o ano de 2007. Já as operações realizadas pelas pessoas físicas acumularam a cifra de R$ 394,6 bilhões e crescimento de 24,3% sobre 2007.
Entre as modalidades de operações de crédito realizadas pelas pessoas jurídicas, o destaque positivo ficou por conta do Capital de Giro, que cresceu 74,4% em 2008 e atingiu R$ 169,9 bilhões (representando 43% do total). Já entre as modalidades realizadas pelas pessoas físicas, o destaque ficou a cargo dos financiamentos imobiliários com crescimento de 71,4% e volume de R$ 3,89 bilhões. Em 2007, o financiamento imobiliário já havia sido o destaque com crescimento de 87,5%.
No resultado acumulado entre os anos de 2006 e 2008, o volume total das operações de crédito cresceu 102,2%, com destaque para as operações realizadas pelas pessoas jurídicas, que cresceram 124,1% contra 106,9% das operações realizadas pelas pessoas físicas. Boa parte do crescimento das operações de crédito ficou concentrada no ano de 2008, com registro de crescimento da ordem de 39,1% das operações realizadas pelas pessoasjurídicas contra 24,3% das pessoas físicas.
É importante destacar que o volume das operações de crédito realizadas pelas pessoas jurídicas foram amparadas, em boa parte, por operações realizadas com bancos de fomento regionais, pelo BNDES, além das operações estruturadas como, por exemplo, FIDCs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios) ou CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), que elevaram significativamente seus volumes após o encarecimento das linhas tradicionais
de financiamento bancário.
O bom desempenho do mercado de crédito no País em 2008 não se repetirá em 2009, infelizmente. Os efeitos da crise mundial, com destaque para o mercado de trabalho, elevaram muito o custo do dinheiro e os spreads dispararam no final de 2008. Mesmo com a taxa básica de juros em trajetória cadente, não se espera que os spreads sejam reduzidos na mesma magnitude ou, ainda, de forma significativa, pois os canais de financiamentos externos se reduziram e também encareceram, além de o cenário prospectivo conter alto teor de incerteza que é refletido no custo final das operações de crédito, bem como a confiança de consumidores e empresários quanto ao futuro da economia brasileira e mundial está deteriorada.
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