Apesar da crise, Argentina diz que dívida será paga

A Argentina informou hoje que vai cumprir os compromissos financeiros com a dívida em 2010, em torno de US$ 13 bilhões, apesar da crise desencadeada pela tentativa do governo de usar as reservas internacionais para este fim. “A dívida será paga em 2010, independentemente do estado em que se encontra o julgamento” do processo que envolve o governo, o presidente do Banco Central, Martín Redrado, e a oposição. A afirmação foi feita hoje pelo ministro-chefe de Gabinete da Presidência, Alberto Fernández.

Redrado, que ocupa o cargo desde 2004, foi exonerado por decreto na semana passada, porque se negou a cumprir a determinação do governo de criar o Fundo do Bicentenário, com US$ 6,569 bilhões das reservas, destinado ao pagamento da dívida. O mandato de Redrado só termina em setembro, e ele se amparou na lei para manter-se no cargo e não transferir os recursos para a conta do Tesouro.

O economista foi confirmado no cargo na segunda-feira por uma nova sentença da juíza María José Sarmiento, que transformou em recurso ordinário uma medida cautelar sobre a proposta do uso de reservas para a formação do fundo da dívida. Com isso, as apelações do governo contra a sentença que proíbe o uso das reservas e mantém Redrado na presidência do BC terão um prazo maior para serem julgadas.

A presidente Cristina Kirchner denunciou Redrado por suposto “mal desempenho da função pública”, já que não cumpriu a ordem decretada para transferir o dinheiro ao Tesouro. O juiz encarregado de julgar a denúncia penal contra o titular do BC é Norberto Oyarbide, o mesmo que absolveu Cristina e seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), no processo em que eles eram investigados por suspeitas de “enriquecimento ilícito”.