O presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), Luciano Amadio, reuniu-se hoje com representantes do governo federal ligados ao projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) que ligará Rio, São Paulo e Campinas, para pedir oficialmente o adiamento do leilão de concessão, marcado para o dia 16 de dezembro. Amadio representa um grupo de 20 empresas de engenharia e construção interessado no empreendimento e defende um adiamento de 120 dias.
A entrega dos envelopes está marcada para o próximo dia 29. Amadio procurou o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, que esteve hoje no Rio reunido com técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Ministério dos Transportes. O ministro Paulo Sérgio Passos também teria participado da reunião para discutir a possibilidade de adiamento, mas o BNDES não confirmou. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, estava viajando.
“Se a data for mantida, certamente não teremos condições de apresentar uma proposta no dia 29”, afirma o presidente da Apeop. Ele explica que o grupo ainda negocia uma parceria com fabricantes e fornecedores de maquinário para o projeto. A parceria com espanhóis, estudada inicialmente, está em aberto, mas Amadio acredita que dificilmente será fechada, uma vez que o grupo participa de concessão semelhante na Arábia Saudita. “Se ganharem, ficarão comprometidos com o projeto durante os próximos dez anos”, explica.
As conversas do possível consórcio representado por Amadio seguem agora com outros dois grupos de fornecedores: um chinês e outro francês, que também está na disputa do TAV saudita. Os chineses têm dúvidas sobre as condições de financiamento e precisam de tempo para tomar decisões porque cada passo depende do governo local. “Sem contar a dificuldade de comunicação”, ressalta.
Amadio admite, no entanto, que há uma preocupação no governo brasileiro em entregar a obra para a Olimpíada de 2016 e que o “start” para o projeto está no limite. “A questão do prazo é válida, mas também há uma preocupação do governo em estimular a entrada de mais de um grupo na disputa”, argumenta.
Apesar dos apelos de potenciais investidores pelo adiamento, os técnicos do BNDES que lideraram o grupo de trabalho que estudou a viabilidade do projeto resistem à ideia. Para o BNDES, adiar o leilão poderia tirar a credibilidade do processo, prejudicando os grupos que já estão com as propostas avançadas.
A estimativa de técnicos do BNDES é de que o custo para cada consórcio é de cerca de US$ 30 milhões apenas para a formulação técnica de suas propostas. O custo total do TAV é estimado em R$ 33 bilhões.
O superintendente de Estruturação de Projetos do BNDES, Henrique da Costa Pinto, disse ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada que o adiamento do leilão não seria recomendável nem necessário. Ele afirmou que os grupos interessados tiveram tempo suficiente para estudar o projeto. Com a minuta do edital divulgada em julho e as informações de engenharia disponíveis desde 2009, Costa Pinto está certo de que os consórcios não têm mais dúvidas sobre a viabilidade.
Ontem à noite, em Brasília, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, afirmou que está mantido o cronograma para a realização do leilão do trem-bala, no dia 16 de dezembro. No dia 29 de novembro termina o prazo para a entrega das propostas das empresas ou consórcios interessados em participar do processo de licitação. “Esse cronograma está mantido. Ninguém está discutindo a data”, ressaltou Passos.