O presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), João Galassi, disse que a comercialização dos itens de marcas próprias dos estabelecimentos vai demorar a se consolidar no País, apresentando ainda taxa de crescimento baixa. Segundo ele, há dois motivos que contribuem para que esse prazo seja longo.

continua após a publicidade

A primeira é que houve demora na criação do segmento no País em relação aos países da Europa e dos Estados Unidos. A segunda tem a ver com o comportamento do consumidor e da sociedade como um todo. “O mercado europeu, por exemplo, é maduro e os consumidores já experimentaram a maioria das marcas. Aqui no Brasil, temos a questão do aspiracional, típico de um país emergente. Não são todos os brasileiros que têm acesso às marcas”, explicou o executivo, em conversa com a imprensa nesta segunda-feira.

Para o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, o volume maior de vendas de marcas próprias tem influencia também da concentração das redes de supermercados. “O comércio de itens de marca própria é maior em países nos quais a concentração é maior. No Brasil, o setor ainda é pulverizado, então esse crescimento é tímido”, explicou.

De acordo com dados da Abras, no ano passado, comparado a 2010, considerando somente as vendas alimentícias, sem a inclusão da Casas Bahia no resultado do Pão de Açúcar, as três maiores redes brasileiras representaram 22,2% do faturamento do setor. As cinco maiores, 26% e as 10 maiores, 31%. “No País, as marcas próprias têm operado em itens mais básicos e a ascensão acaba promovendo o consumo de itens mais caros, por isso também que a taxa de crescimento desses itens é baixa”, explicou Honda.

continua após a publicidade

Segundo a gerente de atendimento do instituto de pesquisa Nielsen, Lenita Mattar, as vendas de marcas próprias representaram 4,9% do faturamento real total dos supermercados em 2011, que ficou em R$ 224,3 bilhões e a taxa de crescimento é ainda “tímida”. “Apesar da ascensão social permitir experiências em marcas mais caras, a marca própria, em um médio prazo, deve entrar no desejo de compra do consumidor”, afirmou.

E-commerce

continua após a publicidade

A Apas também vê uma tendência de crescimento das compras de alimentos via internet. “Ainda é muito pequeno, mas o brasileiro está tendo mais confiança em fazer suas compras por meio desse canal”, disse Galassi. No último ano, segundo dados de pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel, 17% compraram alimentos pela internet. “O porcentual de pessoas que ainda não confiam em passar o número do cartão nas transações online em 2011 foi de 27%. Em 2010, esse porcentual chegava a 50%”, informou o executivo.