A cada 100 mulheres com 16 anos ou mais, menos de 60 (58,8) são economicamente ativas. Entre os homens, o número beira os 82 (81,5%). A diferença entre as taxas de participação, recolhidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um dos indicadores que denuncia a diferença das oportunidades entre os gêneros e das responsabilidades atribuídas culturalmente à população feminina como o cuidado dos filhos, da casa e dos idosos da família. Tais números foram reunidos pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), vinculada à Presidência da República, e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioecômicos (Dieese) no Anuário das Mulheres Brasileiras, lançado nesta terça-feira (19) em todo o País.

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Os dados são provenientes, em grande parte, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), Relação Anual de Informações Sociais (Rais), entre outras estatísticas compiladas pelo Dieese. Além das questões econômicas relacionadas à mulher – trabalho doméstico, contribuição previdenciária e diferença salarial – o estudo apresenta informações sobre educação e violência.

Gerson Klaina/O Estado
Para Maria Donizete, mulheres devem estar presentes nas forças sindicais.

Em Curitiba, uma das coordenadoras do trabalho e economista do Dieese Nacional, Patrícia Lino Costa, destacou alguns dados e disse que o objetivo do Anuário é contribuir paras as negociações trabalhistas, sobretudo, para aquelas categorias que contam com convenções coletivas e que, por isso, anualmente reavaliam as condições do trabalhador.

“Temos que preparar melhor as mesas de negociações, ao mesmo tempo em que o material também serve para embasar o desenvolvimento de políticas públicas mais eficientes e coerentes com a realidade da mulher brasileira, que representa mais de 51% da população do país, sendo que 35,1% delas são chefes de família, ou seja, um universo de 22 milhões de brasileiras”, justificou.

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Nesse sentido, a vice-presidente da Força Sindical do Paraná, Maria Donizete Teixeira Alves, reforçou a necessidade da mulher ampliar sua presença nos cargos mais elevados na hierarquia dos movimentos sindicais. “Começamos a preparar as mulheres dos sindicatos filiados à Força, pois o terreno sindical ainda é masculino, assim como na política e, só as mulheres, que poderão pautar as suas necessidades que, de certa maneira, abrangem questões importantes da sociedade como família e a formação dos jovens”, disse a vice-presidente.

Gerson Klaina/O Estado
“Sociedade deve levar em conta a reprodução da vida”, diz Guarezi.

Embora seja crescente a evolução da participação feminina no mercado de trabalho, 58,8% das mulheres acima de 16 anos são ativas e 52,7% acima de 10 anos respondem pela taxa de atividade conforme o Índice de População Economicamente Ativa (IPEA), é incerto que os percentuais femininos consigam alcançar os masculinos, 72,3% (acima de 16 anos) e 81,5% (acima de 10 anos).

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”Não conseguimos fazer essa leitura. Porém sabemos da dupla jornada da mulher, que levou oito anos para reduzir 4,6 horas e ficar em 22 horas o tempo dedicado ao lar. Fora a baixa infraestrutura do equipamento social, no qual apenas 18,3% das crianças até três anos são atendidas por creches”, sinaliza a economista do Dieese. “Tudo isso permeia o compartilhamento de responsabilidades do casal”, ressalta Patrícia. “A sociedade, por sua vez, deve levar em conta o grande argumento que é a questão da reprodução da vida”, arremata a coordenadora do Programa Incentivo à Equipe de Gênero da Itaipu Binacional, Maria Helena Guarezi.