O chamado investimento de risco é tradicionalmente escasso na área de Tecnologia da Informação (TI), no Brasil. Uma economia instável, com altas taxas de juros, costumava afugentar pessoas e empresas dispostas a arriscar seu capital em projetos inovadores.
Mas o País está virando esse jogo, a ponto de estar prestes a ter investidores brigando para bancar novos empreendimentos no setor. Ao menos é essa a previsão do executivo de negócios Eduardo Peixoto, do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar). Para ele, obter esse tipo de capital no Brasil está “cada vez mais fácil”.
“Daqui a um tempinho teremos investidores [de risco] buscando empreendedores a tapa”, brinca o executivo. Peixoto está em Curitiba para participar da X Conferência de Inovação Tecnológica organizada pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), e que está acontecendo desde segunda-feira (26), no Cietep, em Curitiba. O evento termina hoje, com uma série de apresentações de casos de sucesso na área.
Para Peixoto, a economia mais aquecida e estável dos últimos anos, bem como os juros mais baixos, têm feito com que cada vez mais investidores busquem empresas inovadoras de TI ao aplicar seu capital.
Apesar do risco, maior que na maioria de outros tipos de investimentos, o retorno, quando acontece, é muito mais significativo, diz ele. Além disso, para ajudar empreendedores da área, Peixoto lembra que há muitos programas governamentais de incentivo, apenas à espera de bons projetos.
Ponte
O executivo tem experiência suficiente para falar com propriedade sobre o assunto. O Cesar, criado na capital pernambucana há 14 anos, funciona como uma ponte entre a academia e o mercado.
A empresa, privada mas sem fins lucrativos, foi criada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mas hoje caminha com as próprias pernas, sustentando-se principalmente através de vendas das participações nas empresas que ajudou a criar. O Centro tem, inclusive, uma filial em Curitiba, que funciona como um braço para toda a região Sul.
Atualmente, um dos projetos mais importantes do Cesar é o Garage. O programa, que foi apresentado por Peixoto ontem, na Anpei, incentiva os colaboradores do Centro a gerar ideias inovadoras, que podem acabar incubadas pela instituição e se tornarem empresas.
Dois deles já passaram por todas essas fases: o Tocaê, que é uma rede para distribuição de música de artistas independentes via Bluetooth, e o Monitor de Irrigação, que permite o acompanhamento e controle, em tempo real, da distribuição de água em terras agrícolas.