A indústria automobilística pode ter o primeiro déficit na balança comercial de carros prontos desde 1990, quando o País liberou as importações. Pelas expectativas das montadoras, o Brasil não vai exportar este ano mais do que 400 mil veículos. Já as importações tendem a superar a projeção inicial de 390 mil unidades. A diferença entre o que o País exporta e importa em veículos completos vem sendo reduzida nos últimos cinco anos, mas ainda era bem vantajosa aos fabricantes locais. Em 2005, o saldo positivo foi de 809 mil veículos, baixou para 770,6 mil em 2006, 512,2 mil em 2007 e 359,4 mil no ano passado. Este ano, tende a ser negativo, prevê o presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini.
Em abril, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projetou exportações de 500 mil carros neste ano, número que baixou para 440 mil em julho. “Diante dos resultados até agora, nossa tendência é acreditar que ficará próximo de 400 mil unidades”, diz o presidente da entidade, Jackson Schneider. Até julho, as empresas exportaram 237,5 mil veículos (incluindo caminhões e ônibus), 46,6% menos que em igual período do ano passado. Os principais clientes dos carros nacionais, como Argentina e México, não estão reagindo à crise e as encomendas continuam caindo.
No lado contrário, as importações estão crescendo e já respondem por 14,6% das vendas deste ano, que somam 1,73 milhão até julho. Argentina e México são os dois principais fornecedores de produtos ao mercado brasileiro e as importações são feitas pelas próprias montadoras, que decidiram produzir nesses países modelos de maior valor agregado, como Fusion, da Ford, e SpaceFox, da Volkswagen. O Agile, que a GM vai lançar no próximo mês, também será feito inicialmente na Argentina.
Em valores, as exportações caíram 49% de janeiro a julho ante o mesmo período de 2008, para US$ 4,14 bilhões, e há riscos de o setor ter o primeiro déficit em 10 anos, ante superávit de US$ 1,5 bilhão em 2008. O setor de autopeças projeta déficit recorde de US$ 2,7 bilhões em sua balança comercial deste ano, segundo Paulo Butori, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). Os três executivos participaram ontem em São Paulo de seminário sobre tendências e inovação no setor automotivo, da SAE Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.