Embora esteja se normalizando, o nível de estoques da indústria automobilística permaneceu baixo em julho, informou hoje o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider. Segundo ele, a situação dos estoques deve se normalizar neste mês de agosto. “Já deve estar equilibrado neste momento”, afirmou.
Segundo Schneider, os estoques em julho eram de 208.796 unidades, o correspondente a 22 dias. O número é melhor que os 178.793 veículos que estavam estocados em junho (18 dias), mas a indústria considera “confortável” um estoque entre 23 e 25 dias. “Os estoques estavam muito abaixo do normal, mas no mês de julho viu-se uma retomada”, disse.
Com relação ao nível de emprego na indústria, Schneider observou que está havendo uma “curva de reversão importante, pelo menos na área de autoveículos”, que respondeu com mais eficácia à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Com relação ao segmento de máquinas pesadas, que vem sofrendo muito com a crise, o otimismo não é o mesmo e “deve continuar como está”. Este setor viu seu quadro de pessoal encolher 1,7% entre junho e julho, para 14.187 trabalhadores.
Embora tenha recuado 7,5% na comparação com julho de 2008, o contingente de empregados em julho por toda indústria, da ordem de 119.598 pessoas, ficou 0,1% maior que o indicado em junho passado. No setor de automóveis, foram criados 327 empregos entre junho e junho, com alta de 0,3%.
No cálculo da Anfavea não estão computados os anúncios mais recentes, somente as contratações já formalizadas. Recentemente, divulgaram contratações montadoras como Volkswagen, General Motors do Brasil e Renault.
Antecipação de compras
A queda de 4,9% na venda de veículos novos em julho ate junho, para 285,4 mil unidades, deve-se principalmente a um movimento de antecipação de compras no mês retrasado, quando os consumidores aguardavam o fim do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros novos, que foi prorrogado. O presidente da Anfavea classificou as vendas em julho como “fortes”, mesmo com o declínio do resultado. Schneider disse que é “difícil” projetar o desempenho de agosto e que as vendas estão ocorrendo em um ritmo “normal”.
De acordo com ele, julho exibiu o terceiro melhor resultado nas vendas em toda a história da indústria. Junho passado foi o melhor mês para o setor, com vendas de 300,2 mil veículos. Julho de 2008 mostrou o segundo melhor desempenho, com 288,1 unidades vendidas.
As vendas de janeiro a julho atingiram 1,74 milhão de unidades, o que representa um avanço de 2,4% ante igual intervalo de 2008, um recorde histórico para o período.
O governo anunciou no dia 29 de junho a prorrogação dos cortes no IPI. Em março, o benefício já havia sido prorrogado, mas integralmente. Mas desta vez ficou determinado que o imposto subirá gradualmente a partir de outubro deste ano e janeiro de 2010.
Para veículos 1.0 (gasolina ou flex), haverá isenção até setembro. Nos meses seguintes, o imposto sobe para 1,5% (outubro), 3% (novembro) e 5% (dezembro). Em janeiro, volta aos 7% que vigoravam até o ano passado. Para os carros com potência acima de 1.0 e abaixo de 2.0 a gasolina, a alíquota sobe de 6,5% (até setembro) para: 8% (outubro), 9,5% (novembro) e 11% (dezembro), até voltar aos originais 13% (janeiro de 2010).
Para motores bicombustíveis (flex) em veículos acima de 1.0 e abaixo de 2.0, a mudança é a seguinte: 5,5% (até setembro), 6,5% (outubro), 7,5% (novembro), 9% (dezembro) e 11% (janeiro de 2010).
O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique, a CUT e outras centrais sindicais assinaram um acordo formal com as empresas do setor automotivo para manutenção dos níveis atuais de empregos pelo menos enquanto durarem os incentivos tributários.
Algumas empresas do setor, inclusive, voltaram a contratar. Foi o caso da Renault, que anunciou na semana passada a contratação de 600 funcionários – entre operadores, técnicos e supervisores – para atuar nas fábricas de veículos de passeio e de utilitários do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Segundo a montadora, o objetivo de atender à demanda do mercado brasileiro de automóveis. Com as contratações, a Renault ampliará o segundo turno da unidade de veículos de passeio e inicia o segundo turno da fábrica de utilitários.
Já o grupo Hyundai/Caoa está selecionando 950 trabalhadores para o início da produção do utilitário-esportivo Tucson na fábrica de Anápolis (Goiás).