O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, ainda aposta numa melhora das vendas de veículos no segundo semestre, principalmente após as medidas de apoio ao crédito anunciadas pelo governo na quarta-feira, 20.

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A recuperação, contudo, não será suficiente para reverter as perdas da produção na primeira metade do ano. Apenas deve minimizá-las para uma retração de 10%, o que significará voltar à produção de quatro anos atrás, quando 3,3 milhões de veículos deixaram as linhas de montagem. No ano passado foram 3,7 milhões.

“Essa melhora no segundo semestre aponta que teremos em 2015 uma performance muito melhor do que em 2014”, diz Moan. O executivo ressalta a importância do setor ao comentar a extensão da cadeia automotiva como um todo. “Demonstra o papel fundamental que o setor tem para o desenvolvimento da indústria brasileira.”

Moan cita ainda que, no ano passado, a cadeia automotiva foi responsável pela arrecadação de R$ 180 bilhões em impostos, o equivalente a 12% de todo o que foi pago em impostos no País.

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Sem sinais

O diretor de pesquisa da consultoria GO Associados, Fabio Silveira, está menos otimista que Moan. “Não vejo, por enquanto, sinais mais fortes de que haverá uma retomada neste ano”, diz. Ele projeta queda de 12% na produção de automóveis, o que significará “um baque” para o setor, com reflexo direto nos resultados financeiros. “É difícil hoje uma montadora ganhar dinheiro no Brasil”, admite o presidente da Volkswagen, Thomas Schmall.

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Silveira ressalta que houve um processo de contração acentuada da rentabilidade operacional das empresas, esmagadas pelo custo de financiamento do capital de giro. “A queda na rentabilidade e na produtividade levou os empresários a terem mais cautela em relação ao futuro e muitos deixaram de fazer investimentos”, afirma o economista.

Paulo Butori, presidente do Sindipeças, confirma que o setor não está investindo o necessário em modernização. Há alguns anos, estatísticas indicavam que, para cada R$ 1 investido pela montadora, as autopeças investiam R$ 1,70. “Essa conta está longe de ocorrer”, diz o executivo.

As montadoras, por sua vez, não alteraram seus planos de investimento e falam em aplicar R$ 75,8 bilhões no período 2012-2018. Com novas fábricas e ampliação das atuais, o País terá um excesso ainda maior de capacidade instalada – que hoje já está em mais de 1 milhão de unidades, pois as fábricas estão preparadas para produzir 4,5 milhões de veículos ao ano.

Com tantos fabricantes (já são 21 atualmente e mais oito estão se instalando no País), “vislumbro um monte de gente se acotovelando”, diz Butori. “Será um jogo sem rentabilidade, com todo mundo tentando se manter, pois a oferta será imensa para uma demanda retraída.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.