O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, disse hoje que o atual nível do câmbio tem dificultado as exportações da indústria automobilística. De acordo com ele, embora as exportações tenham aumentado em valores – 2,4% em setembro ante agosto e 54,6% em relação a setembro de 2009 -, boa parte das unidades exportadas são de veículos desmontados (CKD), que alimentam plantas das montadoras instaladas em outros países.

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Dados da Anfavea mostram que as vendas externas de veículos montados aumentaram, em unidades, 1,9% em setembro ante agosto e 41,6%, frente a setembro de 2009. Já as exportações de veículos CKD diminuíram 9,8%, de setembro a agosto, mas tiveram elevação de 184,9% ante setembro de 2009. O crescimento se deve, principalmente, aos mercados da Argentina e da África do Sul. No acumulado do ano, as exportações de veículos montados subiram 48,4% e a de desmontados registraram aumento de 168,5%.

“Na realidade, estamos tendo dificuldade para exportar”, disse Belini. “Temos exportado bastante CKD porque temos plantas instaladas em diversos países e temos de abastecê-las. Já unidades completas temos muita dificuldade para exportar, também porque existe uma capacidade ociosa no hemisfério norte”, afirmou, referindo-se à Europa e aos Estados Unidos. “Todo mundo está disputando os mesmos mercados que estamos disputando”, afirmou.

De acordo com a Anfavea, os veículos importados também têm aumentado a sua presença no mercado brasileiro. Segundo Belini, enquanto as vendas no mercado interno como um todo caíram 1,8% em setembro ante agosto, as vendas de veículos importados aumentaram 18,8% no mesmo período. Em relação a setembro de 2009, o licenciamento de veículos no mercado interno caiu 0,5%, mas subiu 34,3% quando considerados apenas os veículos importados.

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“Para um mercado interno que cresceu 76% entre 2006 e 2010, a participação dos importados cresceu 210%”, afirmou. “O que assusta não são os números. Naturalmente, a indústria brasileira não pode produzir todos os modelos, mas o que nos dá o sinal de alerta é a tendência”, disse.

De acordo com Belini, a participação dos veículos importados no mercado interno em 2005 era de 5,1% e, de janeiro a setembro deste ano, corresponde a 18,1%. Nos nove primeiros meses deste ano, a indústria automobilística brasileira exportou 14,8% de sua produção, índice que alcançou 30,7% em 2005. De janeiro a setembro de 2005, a indústria brasileira exportou 682 mil unidades e, de janeiro a setembro deste ano, 569,5 mil.

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“A valorização do real, sem dúvida, prejudica muito os manufaturados e pode, sim, causar perda de competitividade”, afirmou. “Estamos trabalhando para aumentar a produtividade na cadeia. É um trabalho muito profundo e completo e estamos começando agora”, disse Belini.

De acordo com ele, a indústria automotiva avalia que o aumento da produtividade é a única forma de manter a competitividade do produto brasileiro no exterior. “Sabemos que o real vai continuar forte, independente da política monetária que for adotada. Não há alternativa a não ser o aumento da produtividade”, afirmou. Para Belini, sem aumentar a produtividade, a indústria automotiva brasileira corre o risco de deixar de atrair investimentos.