O acordo de livre comércio entre Brasil e Peru para o setor automotivo, assinado nesta sexta-feira, 29, pelos governos dos dois países, foi encarado como uma “grande notícia” pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Representa mais um passo no sentido de ampliar os mercados internacionais para o Brasil”, afirmou ao Broadcast<, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente da associação, Antonio Megale.

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Megale, que assumiu o comando da Anfavea nesta semana, disse ainda que o momento é “muito favorável” para exportar e que o setor automotivo tem tecnologia e capacidade instalada para atender à demanda de outros países. Com a baixa demanda por veículos no Brasil, a indústria automobilística nacional, que tem capacidade para produzir cerca de 5 milhões de unidades por ano, tem operado com ociosidade superior a 60%. Para reduzir a ociosidade, as montadoras têm buscado vender mais para o exterior, aproveitando também a desvalorização do real em relação ao dólar.

O acordo de livre comércio com o Peru vem para aliviar a frustração do setor com a falta de avanço nas negociações com a Argentina, o principal cliente externo das montadoras instaladas no Brasil. O governo brasileiro tem tentado convencer o governo argentino a assinar um acordo de livre comércio para o setor, em substituição ao atual, que expira em junho e impõe limites de comércio. A Argentina, no entanto, tem resistido aos termos da proposta.

O próprio Megale, no início da semana, admitiu que considera improvável a assinatura de um entendimento que ponha fim às limitações de comércio de veículos entre os dois países. Em razão disso, ele já trabalha para renovar o atual acordo. O novo desafio seria obter um acordo de mais longo prazo, já que as últimas renovações foram feitas por somente um ano. Pelo acordo vigente, para cada US$ 1,5 milhão em carros e peças vendidos para a Argentina, livre de impostos, o Brasil tem de comprar US$ 1 milhão do país vizinho, também sem tributação. O que for além disso, tem alíquota de 35%.

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O avanço com o Peru, no entanto, não deve ter um impacto significativo nas exportações brasileiras de veículos. A expectativa do governo é de que as vendas para o mercado peruano saltem de 4 mil unidades por ano para 30 mil. Só em 2015, o Brasil vendeu para o exterior 416,9 mil veículos, com quase metade deles para a Argentina.

Apesar disso, o aumento da participação brasileira no mercado peruano é visto pelo setor como mais um passo em direção à diversificação das exportações de veículos, em uma tentativa de reduzir a dependência dos argentinos. No ano passado, o Brasil assinou um acordo para o setor com a Colômbia, este com cotas de exportação, e outro com o Uruguai, este de livre comércio. Também são discutidos novos entendimentos com Equador, México e Estados Unidos. “Se somarmos Colômbia, Peru e Equador, já temos o equivalente a uma Argentina”, disse Megale, da Anfavea, no início da semana.

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