O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou que as medidas do pacote de apoio financeiro do Banco do Brasil ao setor automotivo estão em linha com as diretrizes do ajuste fiscal realizado pelo governo. “Entendemos como extremamente necessário o ajuste macroeconômico, como fundamental”, afirmou, durante anúncio conjunto com o Banco do Brasil de um pacote de R$ 3,1 bilhões para facilitar o financiamento da cadeia produtiva no País.
Moan ressaltou que o acordo celebrado com BB, similar ao anunciado com a Caixa nesta terça-feira, 18, “demonstra o grau de importância da cadeia automotiva para a retomada da economia brasileira”. “A cadeia corresponde a 12% de toda a arrecadação de impostos do País, além de gerar 5 milhões de empregos diretos”, pontuou.
Em evento, realizado na sede da instituição financeira, em São Paulo, nesta quarta-feira, 19, Moan avaliou que o fortalecimento da cadeia automotiva é o fator que ajudará o setor a abreviar o atual momento de dificuldade da economia brasileira. “A cadeia automotiva vive um momento muito difícil, mas não tenho dúvidas de que é apenas um momento”, disse. Moan destacou que as associações, maiores players do setor, aparecerão nos contratos como uma espécie de fiadores, o que minimiza o risco do negócio para o BB. “A diminuição do risco permite ao Banco do Brasil diminuir o spread das operações”, destacou.
Também participaram do anúncio o presidente do Banco do Brasil, Alexandre Corrêa Abreu, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Roberto Butori, e o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Júnior. Essas entidades atuarão na intermediação de acordos de cooperação financeira e comercial entre suas associadas e o BB.
O objetivo do pacote é dar “apoio financeiro e comercial às cadeias produtivas do setor automotivo, além de reduzir em 60% o prazo para liberação dos financiamentos. Em contrapartida, as companhias devem se comprometer a manter empregos para que tenham acesso às “condições especiais” oferecidas pelos bancos públicos. O setor automotivo foi o primeiro segmento a ser contemplado.
Assumpção, da Fenabrave, afirmou não haver nenhuma “ajuda ou favorecimento” por parte do BB às instituições do setor. “Neste programa, estamos trabalhando com condições de prática do mercado”, ressaltou.
Já Burtori, do Sindipeças, criticou o fato de se ter “esperado a coisa piorar muito” para haver propostas como a anunciada nesta quarta-feira. “Programas como o do BB vieram até tardiamente”, disse. Ele reconheceu, no entanto, se tratar de um passo importante.
Burtori também ressaltou o fato de a alternativa apresentada pelo Banco do Brasil mudar a responsabilidade do crédito, já que as grandes empresas do setor se responsabilizam pelo crédito concedido às de menor porte, o que facilita a concessão de créditos no atual momento de escassez dadas às condições econômicas.
O Banco do Brasil espera cadastrar até o fim de 2015 mais de mil das 1.169 revendedoras do País para se tornarem correspondentes bancários da instituição financeira e operarem o programa “Esteira Agro BB”, que pretende facilitar a compra de máquinas e equipamentos agrícolas e caminhões. O programa prevê que as próprias revendas passem a receber, gerir e acompanhar pela internet propostas de financiamento dos bens que comercializam.
Alexandre Abreu, presidente do BB, afirmou, que as soluções anunciadas hoje de estímulo ao setor automotivo não vão resolver (o problema), mas são uma boa ajuda ao segmento que enfrenta queda de vendas de veículos e maior restrição de crédito. “O momento é bastante desafiador, com queda na atividade econômica. Normalmente, a concessão de crédito (em um cenário como o atual) fica mais complexa em meio a empresas com situação mais difícil”, avaliou.
Segundo Abreu, em um cenário como o atual se o banco retrai muito o crédito agrava o problema, mas se fornece recursos como se o País estivesse crescendo, arrisca em demasia o seu capital. “O BB já vinha estudando estratégia intermediária. Ao nos juntarmos com atores líderes do segmento, com informações técnicas e dimensionar risco, conseguimos transferir para o setor produtivo o ganho de diminuição risco por meio de melhoria de limites e redução de taxas”, explicou ele. “As taxas são de mercado e não há subsídio”, acrescentou. O executivo ressaltou que a solução com o setor automotivo é lucrativa e que o banco precisa dar retorno aos seus acionistas.
O BB anunciou hoje que prevê antecipar a fornecedores da cadeia automotiva R$ 3,1 bilhões até o final deste ano no âmbito do protocolo firmado com o segmento e que contempla 26 empresas.
Caixa
Nesta terça-feira, a Caixa anunciou que vai liberar cerca de R$ 5 bilhões até o fim do ano para os fornecedores das montadoras em linhas de capital de giro e de investimento com juros mais baixos e prazos estendidos para pagamentos. Os recursos virão do próprio banco, do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O mesmo desenho de financiamento está em negociação com outros setores, entre eles construção, alimentos, papel e celulose, química, fármacos, eletroeletrônicos, energia elétrica, telecomunicações, petróleo e gás e máquinas e equipamentos.