Clientes de private banking estão usando seus recursos de pessoa física para fazer frente às necessidades de suas empresas. Também é crescente a quantidade de resgates para aproveitar oportunidades proporcionadas pela oferta de ativos que estão sendo colocados à venda por valores atraentes, comentou o diretor do comitê de private banking da Anbima, João Albino Winkelmann. “Nunca vimos tantas pessoas físicas resgatarem do private e aplicarem em suas empresas”, disse, durante apresentação do Boletim Consolidado de Private e Varejo.
As estatísticas não capturam quanto está se colocando do patrimônio próprio no negócio. “Mas nas conversas podemos dizer que é uma tendência como nunca vimos e é algo não desprezível”, citou.
Segundo ele, a crise certamente influenciou esse movimento, seja pela oferta de ativos baratos, quanto pela necessidade criada de recursos na esteira da baixa liquidez do mercado financeiro e bancário.
Wilkelmann afirmou também que ocorrem operações em que a pessoa física do private utiliza seus investimentos como garantia de crédito tomado junto à instituição financeira. Segundo ele, isso acontece especialmente quando a pessoa física não quer “misturar” recursos para a pessoa jurídica, especialmente naquelas em que existem outros sócios. “O empresário conclui que pode ser melhor aproveitar a oportunidade oferecida na aquisição de ativos reais, que estão muito desvalorizados, ao invés de manter um retorno de 14% na indústria”, disse.
“No caso em que possa haver um endividamento bancário e exigência de garantia, o empresário efetua as contas e pode fazer mais sentido o resgate”, acrescentou. Wilkelmann afirmou ainda que os bancos têm aconselhado clientes private nesse sentido, o que faz parte das atribuições do gestor, de acordo com ele.