Anbima prevê manutenção da Selic em 11% em 2014

A reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, com início nesta terça-feira, 27, e término na quarta-feira, 28, deve encerrar sem elevar a taxa básica de juros, de acordo com a maior parte dos 25 economistas que integram o Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). “A maior parte prevê que a taxa atual de 11% ao ano se mantenha até o fim de 2014”, diz vice-presidente do comitê da Anbima, o economista Fernando Honorato.

Ele pondera que a comunicação atual do BC tem sido compatível com o cenário atual, mas que uma boa parcela do comitê ainda vê a necessidade de aperto adicional de juros para o ano que vem. A mediana das previsões do grupo para 2015 subiu, de março para maio, de 12% para 12,25% ao ano. “Essa alta é explicada essencialmente por conta da inflação pressionada e que precisa da trajetória de juros para que ela possa ao longo do tempo convergir para o centro da meta.”

Honorato pondera que não há consenso em relação a quando esse aumento dos juros virá em 2015, se dissipado ao longo do ano ou concentrado em algum período. “Tem casas que acham que é mais para frente e outras acham que já é concentrado no começo de 2015.”

A estimativa do Comitê para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2014, de acordo com a mediana das avaliações, subiu de 6,20% em março para 6,50% em maio. Para 2015, a expectativa da inflação oficial também aumentou de 6% para 6,26%.

Dispersões

Honorato diz que, além dos dados de piora de inflação, o que chama a atenção nas estimativas para o ano que vem é o aumento das dispersões dos dados. “Tivemos variações mais extremas nas análises”, afirma. No caso da Selic, por exemplo, além da mínima de 11% ao ano há estimativas que apontam para uma taxa de juros de até 13,5% em 2015. “Isso mostra que ninguém acredita em um cenário de corte de juros”, afirma.

Outra variação com bastante amplitude captada nas análises do comitê é em relação à expectativa do Produto Interno Bruto (PIB), que vai de 0,2% ate 2,5% para o ano que vem. No relatório da Anbima, a mediana das estimativas do PIB para este ano está em 1,50%, ante 1,70% previsto em março. Para o ano que vem, a projeção do PIB também caiu de 2% para 1,80%.

Segundo o economista, boa parte do debate do comitê foi para “tentar entender melhor” a desaceleração da atividade. “Uma parcela dos economistas entende que a desaceleração da atividade é uma queda do PIB potencial brasileiro e não uma queda de demanda. Até porque o mercado de trabalho já desacelerou, mas os salários ainda estão altos”, afirma.

Honorato destaca ainda que o comitê não consegue enxergar no cenário atual vetores que possam estimular o crescimento do PIB. “É difícil enxergar algum cenário de aceleração do PIB. O comitê entende que não há vetores de crescimento ao longo do ano, pois temos juros altos, inflação, queda de confiança”, exemplifica.

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