Os economistas que compõem o Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mantiveram em seu último encontro a projeção de um crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. A manutenção, de acordo com o presidente do comitê, Marcelo Carvalho, indica que não se espera uma recuperação significativa do investimento – até pela redução do crédito decorrente da elevação da taxa de juros.
“A possibilidade de um downgrade da nota de risco do País pode comprometer ainda mais o ambiente de confiança dos investidores num cenário marcado por incertezas quanto à trajetória da inflação, equilíbrio fiscal e crescente déficit em conta corrente”, diz.
Além disso, de acordo com Carvalho, há limites para que o segmento de comércio exterior possa induzir um aumento do nível de atividade diante do baixo grau de abertura existente na economia brasileira. “Nesse sentido, a expectativa dos economistas do comitê é de que uma política de ajustes nas principais variáveis econômicas só ocorra após as eleições, possivelmente em 2015.”
Câmbio
Para o Comitê da Anbima, a taxa de câmbio deverá continuar volátil ao longo deste ano em resposta à retirada dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e também por causa da deterioração das expectativas dos investidores com o quadro econômico doméstico.
Por isso a previsão da cotação do dólar perante o real neste ano foi revisada de R$ 2,40 para R$ 2,45 em relação à última reunião do seu comitê. Entre as estimativas, 37% das previsões situam-se acima do patamar de R$ 2,50 e parte delas acima de R$ 2,60, o que revela que a possibilidade de desvalorizações adicionais da moeda brasileira é relevante, com possíveis impactos nas expectativas de inflação e de abertura dos prêmios de risco dos ativos financeiros locais.
Superávit primário
Os membros do Comitê reduziram de 1,5% para 1,3% a projeção da entidade em relação ao superávit primário de 2014 na proporção do Produto Interno Bruto (PIB). Isso, de acordo com Carvalho, indica que a percepção de piora do quadro fiscal deve permanecer nas expectativas dos investidores ao longo do ano.
“A redução de crédito dos bancos estatais no último trimestre de 2013 e a melhora das contas públicas decorrentes de receitas extraordinárias não são indicativos suficientes para apontar uma reorientação na condução da política fiscal adotada nos últimos anos”, diz Carvalho. Além disso, de acordo com ele, as condicionantes políticas relacionadas ao ano eleitoral diminuem a margem de manobra do governo em sinalizar uma melhora sustentada das contas públicas para o médio e longo prazos.