O volume de financiamentos de projeto de longo prazo em 2014 pode superar os R$ 20 bilhões registrados no ano passado, previu o presidente do comitê de Financiamento de Projetos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), Sergio Heumann. “É difícil fazer projeções uma vez que essas estatísticas estão sujeitas a distorções causadas por megaprojetos. Mas considerando que em 2012 e 2013 os maiores projetos foram da ordem de R$ 3 bilhões e que este ano temos expectativa da entrada de um projeto de R$ 6 bilhões em nosso ranking, minha impressão é de que o volume será maior do que o ano passado”, disse em entrevista concedida nesta quarta-feira, 25, a jornalistas para comentar o ranking da Anbima.

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De acordo com levantamento divulgado pela Anbima, os financiamentos de longo prazo para projetos somaram R$ 20 bilhões em 2013, uma queda de 53% em comparação ao volume de 2012, que havia sido de R$ 42 bilhões. Heumann disse que, desconsiderando o efeito do projeto de Belo Monte sobre os números de 2012, de R$ 22,5 bilhões, o volume dos financiamentos de longo prazo de projetos é praticamente estável em relação a 2012 e também 2011. Nos números de 2013, Heumann diz não ver impacto de projetos relacionados à Copa. Segundo ele, a construção de estádios ficam fora do ranking da Anbima, porque têm elevado risco de demanda e exigem garantias até o vencimento do financiamento, o que os descaracterizam dos critérios estabelecidos no levantamento da associação. Ao mesmo tempo, poucos foram os projetos de mobilidade urbana. “Em termos da Copa, não houve um número expressivo de obras de mobilidade urbana e não vejo impacto substancial no ranking”, afirmou.

Heumann prevê que o setor de transporte e logística deve ter grande peso nos volumes deste ano, citando projetos de aeroportos, rodovias, de mobilidade urbana. “Em logística, existem projetos para transporte de etanol por meio de aquodutos que são megaprojetos e podem puxar os volumes de financiamento do ranking deste ano”, acrescentou. O executivo destacou o forte crescimento na participação dos projetos de transporte e logística a partir de 2010 nos rankings da Anbima, que deu início em 2008 a compilação desses dados. Em 2009, a participação alcançava 10,2%, subindo para 19% em 2010, 17,6% em 2011 e alcançando 19,6% em 2013. Em 2012, a participação do setor de transporte e logística nos financiamentos de projetos de longo prazo caiu para 11,8%, por conta da distorção provada nos números por Belo Monte, explicou.

O setor de energia tem sido, entretanto, soberano nos volumes de financiamentos de projetos. Em 2013, ocupou 74,5% dos destinos dos financiamentos, um pouco abaixo dos 80,4% de 2012. Em 2011, o setor respondeu por 70,3% dos financiamentos de longo prazo dos projetos. “Energia sempre tem participação grande nos rankings por conta dos leilões de energia”, explicou. Heumann citou que outras fontes de energia como carvão e gás devem ter influencia maior, porque as térmicas tem despachado energia também fora das épocas de seca.

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Heumann observou que, embora a representação dos rankings elaborados pela Anbima seja bastante realista, o volume de financiamentos de infraestrutura no país é maior do que os que constam no levantamento. Segundo ele, nas estatísticas não estão os financiamentos em que não houve participação de um assessor financeiro, em que houve tomada de recursos diretamente junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.