Falta ao governo fixar uma meta formal de superávit primário para 2014. Feito isso e explicado o que envolve a taxa obtida, as dúvidas em relação à política fiscal brasileira serão dissipadas e as agências de classificação de risco, eventualmente, até poderão rever a possibilidade de rebaixar o rating da economia brasileira. A avaliação é do presidente do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), Marcelo Carvalho. Ele falou com jornalistas nesta quarta-feira, 15, por meio de uma teleconferência na qual comentou as expectativas da entidade para a economia brasileira em 2014.

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Na semana passada, o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, atual pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) disse que, a partir do momento em que o governo sinalizar um porcentual de superávit primário para 2014 e uma trajetória fiscal para o período de 2015 a 2018, as incertezas em relação à política fiscal desapareceriam.

O ex-secretário deu até data para que isso aconteça: fevereiro, depois que todos os membros da equipe econômica voltarem das férias. Barbosa acredita que o governo deverá sinalizar uma meta de 1,8% a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).

Perguntado pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, se estaria de acordo com o discurso do ex-secretário, Marcelo Carvalho disse que sim. “Quando olho os números e os debates dentro do comitê da associação, vejo que falta uma meta formal de superávit”, afirmou.

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A mediana das expectativas dos membros do comitê da Anbima para o superávit primário neste ano é de 1,3%. Esse é um dos elementos que precisam ser mudados na economia brasileira, na opinião de Carvalho. “A partir do momento em que o governo estabelecer uma meta de superávit clara e crível, a desconfiança dos agentes será desmontada”, disse.

O economista afirmou estar de pleno acordo com Nelson Barbosa de que mais importante para as agências de classificação de risco que um número em si é o comprometimento com uma trajetória clara de política fiscal. “Concordo que o esclarecimento da composição do número e de como se chegou a ele é mais importante e isso reflete a opinião de todos os membros do comitê”, reforçou Carvalho.

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