O presidente do comitê de Financiamento de Projetos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), Sergio Heumann, disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem capacidade para dar suporte financeiro aos projetos de infraestrutura. As demandas por recursos no segmento não devem deixar de ser atendidas por conta das projeções de menor concessão de crédito entre os bancos comerciais e privados este ano, em sua avaliação.

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Segundo ele, o Tesouro tem capitalizado o BNDES, que “a cada ano” tem mais recursos disponíveis para a infraestrutura. “O orçamento do BNDES de 2014 não deve ser menor do que 2013 e além disso o BNDES normalmente participa com a maior parte dos recursos. O principal banco não deve ter restrição de orçamento para financiar a infraestrutura”, disse. Heumann considera que a retração no crédito prevista de modo geral tende a ser menor na infraestrutura. “Continuamos vendo os bancos atuando fortemente nesses empréstimos”, disse Heumann em entrevista para comentar o ranking de 2013 de financiamento de projetos elaborado pela Anbima.

Basileia 3.

As exigências de capital do Basileia 3 contribuíram para a queda nos empréstimos diretos dos bancos em projetos de financiamento de longo prazo no ano passado, segundo Heumann. A contração nos empréstimos diretos é compensada, entretanto, pela elevação expressiva nos repasses, segundo ele. De acordo com levantamento da associação, a participação dos empréstimos diretos dos bancos para os financiamentos de projetos caiu de 25,8% em 2012 para 12% em 2013. Em 2011 era de 19,4%. Já a participação dos repasses subiu de 12,3% em 2012 para 48,4% em 2013. Em 2011, foi de 7%. “Um dos fatores responsáveis por esse movimento são as regras da Basileia, exigindo mais capital dos bancos na exposição ao crédito, especialmente de longo prazo, o que, por consequência eleva o custo desses empréstimos”, disse. Por outro lado, pondera, existe a figura do BNDES que oferece termos mais atraentes ao tomador, inclusive nos repasses.

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Heumann observou ainda que o BNDES tem se profissionalizado e melhor compreendido estruturas mais sofisticadas de empréstimo, o que também tem contribuído para que os tomadores recorram ao banco de fomento. O executivo citou esse fator, além da oferta de taxas interessantes de empréstimos e da ausência do risco cambial, como motivo de uma contração nos últimos 10 anos na participação dos bancos de fomento estrangeiros nos financiamentos. “A interlocução melhorou e as equipes que estão analisando os projetos no BNDES são muito mais preparadas e discutem os projetos e modo menos rígido. Portanto, não há muitos motivos para os tomadores recorrerem a bancos de fomento no exterior”, disse.