A gangorra da Bolsa de Valores de São Paulo tem tornado o mercado acionário um lugar de profissionais. Analistas aconselham aos pequenos investidores ficar fora do pregão neste momento, que está altamente volátil. Na semana passada, a Bovespa registrou perdas de 4,51%. Na semana anterior, a Bolsa paulista havia registrado valorização de 4,58%. Ontem o pregão registrou movimento positivo de 1,24%. Esse movimento recente ilustra bem a montanha-russa que virou o pregão acionário.

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Entre a pontuação máxima e a mínima do ano, o Ibovespa – principal índice da Bolsa, que reúne as 55 ações de maior liqüidez – oscilou cerca de 25%. ?O mercado acionário no curto prazo está muito indefinido, muito volátil. É difícil dizer para que lado ele vai nas próximas semanas. Em um contexto desses, o pequeno investidor é o que tem maiores chances de se dar mal?, avalia Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Sênior.

A crise política apenas veio piorar esse cenário. Ninguém sabe ao certo para onde caminharão as denúncias contra o governo e como reagirão as diferentes ações que compõem o pregão da Bolsa.

?Este é um momento de cautela. Há muitas dúvidas em relação ao futuro da crise política?, afirma Bandeira.

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Nem mesmo o fim do processo de elevações da taxa básica de juros conseguiu melhorar as perspectivas para o mercado acionário. Neste mês, o Copom (Comitê de Política Monetária, formado por diretores e pelo presidente do Banco Central) decidiu parar de subir os juros básicos, que estão em 19,75% ao ano.

Em tese, quando o juro sobe, os investidores migram do mercado acionário para os fundos DI ou de renda fixa (que acompanham o vaivém das taxas).

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A Bovespa, que chegou a superara a barreira histórica de 30 mil pontos em março deste ano, fechou o pregão de sexta-feira com 24.916 pontos.

No acumulado deste ano, a Bolsa está com perdas de 4,88%. Isso significa que quem tivesse investido R$ 10 mil em uma carteira atrelada ao Ibovespa no último dia de 2004 estaria hoje com R$ 9.512.

Na semana passada, apenas 3 das 55 ações que formam o Ibovespa conseguiram registrar alta. Isso mostra que todos os setores estão sofrendo com o período de forte volatilidade que atravessa o mercado.

Até maio, os destaques de perdas na Bolsa no ano, entre as ações do Ibovespa, eram Tele Leste Celular PN, com baixa de 35,3%, e Telesp Celular Participações PN, com baixa de 32,6%.

Já no topo das altas no período ficaram Net PN (51,6%) e a companhia de Transmissão Paulista PN (42,3%).

Mas sempre há ações chamadas de ?terceira linha?, por terem pouco volume de negociação, que conseguem subir ou cair de forma mais espantosa.

Nos cinco primeiros meses do ano, quem mais subiu foi a ação preferencial da Aço Altona: 546,7%. Em segundo lugar, ficou o papel preferencial da Dijon, com valorização significativa de 319,9%.

Quem tivesse aplicado R$ 10 mil na Aço Altona no fim de 2004 teria no final de maio mais de R$ 64 mil. Mas, mesmo para os profissionais, achar essas ?pepitas? no mercado acionário é caso raro. Principalmente em momentos de forte turbulência e instabilidade.