A economia brasileira deve fazer um “pouso suave” depois do superaquecido início de 2010, na visão predominante entre os analistas. Isso quer dizer que, embora não deva ser nada desastroso, o cenário a partir do fim do ano – e, especialmente, em 2011 – será bem menos propenso à euforia. Afinal, a economia deve desacelerar de um ritmo anual entre 7% e 8% para algo entre 3,5% e 5%, os juros devem subir bastante, a inflação permanecerá ainda num nível elevado e o déficit em conta corrente pode crescer.

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Além disso, 2011 pode ser o ano em que o novo governo aproveitará para tentar conter o ritmo de crescimento do gasto público, o que significa segurar o reajuste do funcionalismo e do salário mínimo (que indexa milhões de benefícios previdenciários e sociais), mexendo no bolso de boa parcela da população. “O Brasil vai ter de trazer essa economia aquecida para um nível de crescimento mais razoável, para poder controlar a inflação e o déficit externo”, diz o economista Armando Castelar, da Gávea Investimentos.

Ao contrário de outros momentos do passado, quando o País era obrigado a frear violentamente em função de crises, desta vez a desaceleração tem tudo para ser um processo civilizado, na aposta da maioria dos analistas. “Pouso forçado é coisa do passado, quando o Brasil tinha problemas de solvência. Hoje, nós parecemos mais os países desenvolvidos de antigamente, já que os desenvolvidos agora têm problemas parecidos com os que a gente tinha no passado”, resume André Loes, economista-chefe do HSBC no Brasil.

O País cresceu 2,7% no primeiro trimestre, em relação ao último trimestre de 2009 (tirando a variação sazonal), o que significa um ritmo anualizado de expansão de 11,2%. Para os próximos trimestres, a maior parte das projeções é de uma cadência bem mais modesta, equivalente a algo entre 4% a 5% ao ano. Por questões estatísticas, mesmo com essa desaceleração, o crescimento anual deve fechar entre 7% e 8%, segundo boa parte das estimativas do mercado financeiro.

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