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Analistas preveem mais volatilidade

A alta do dólar ante o real nessa terça-feira, 21, praticamente ignorou a tendência internacional, uma vez que a moeda americana mostrou enfraquecimento em relação à maioria das divisas emergentes. Foi mesmo o cenário interno que mais pesou na disparada da moeda, que chegou a R$ 4,04. Segundo analistas, o que se viu na terça-feira é uma amostra do que o mercado vai enfrentar até as eleições de outubro. Os próximos meses, eles dizem, serão de volatilidade.

Apesar de distante do cenário de oscilações de 2002, às vésperas da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a perspectiva de um segundo turno entre o PT e Jair Bolsonaro deve afastar o dólar do patamar de R$ 3. Os resultados das últimas pesquisas eleitorais concentram as atenções nos mercados desde a última segunda-feira, 20. Um cenário de segundo turno entre o candidato do PT e o deputado Jair Bolsonaro (PSL) desagrada aos investidores.

Existia uma preferência por parte do mercado que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, mais alinhado às reformas iniciadas pelo governo Temer, estivesse à frente nas intenções de voto, após ter fechado uma aliança com partidos do centrão, mas isso não está dado nas pesquisas divulgadas até agora, diz o economista da LCA Consultores, Fábio Romão.

Ele analisa que o programa petista e o histórico de posições intervencionistas de Bolsonaro são um balde de água fria nas expectativas do mercado. “O mercado imagina que um eventual segundo turno entre o ex-prefeito Fernando Haddad, que substituiria Lula na cabeça da chapa do PT, e Bolsonaro poderia poluir o atual cenário, de uma economia ainda frágil.”

Ação e reação

Na visão do economista-chefe da Spinelli, André Perfeito, essa pressão sobre o dólar já existia antes, mas o Banco Central estava “jogando o problema para baixo do tapete, por meio dos swaps. Na verdade, sem a intervenção do Banco Central, já era para o dólar ter passado dos R$ 4”.

O economista diz acreditar que o dólar nos próximos meses, apesar de poder oscilar para baixo ou para cima, deve ficar mais no patamar dos R$ 4 durante o período eleitoral. “Acho que não deve chegar a R$ 5, mas não há segurança suficiente no cenário atual, para que volte ao patamar de antes.”

Na avaliação de Martin Castellano, chefe do departamento de pesquisa para a América Latina do Instituto de Finança Internacional, IIF, o câmbio poderá depreciar mais se ficar claro que Haddad e Bolsonaro vão para o segundo turno.

O ex-diretor da área internacional do Banco Central Alexandre Schwartsman pondera, no entanto que o mercado de câmbio, apesar de influenciado pelas eleições, está muito distante da volatilidade que se observou em 2002, às vésperas da eleição do ex-presidente Lula.

“Ao contrário de 2002, temos um balanço de pagamentos em boa forma e o mundo, apesar de todos os problemas, é mais favorável ao Brasil”, diz Schwartsman. Ele ressalta, porém, que a situação confortável das contas externas não resolve todos os problemas do País.

O quadro fiscal, lembra, piorou em relação a 2002, quando, ao contrário dos rombos atuais, o governo central apresentava superávits primários expressivos. Sem resolver a crise fiscal, uma tarefa que demanda reformas, a perda de valor da moeda virá na forma de inflação. “A tarefa de quem for eleito será mais difícil do que em 2002”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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