Quando os mercados fecharam na sexta-feira, um acordo para a Grécia ainda era algo em vista. Na manhã da segunda-feira, uma cadeia de eventos iniciada pela decisão grega de mudar o curso e colocar as demandas dos credores para ser votada em um plebiscito deve levar a uma fuga do risco, provocar questionamentos sobre os pressupostos subjacentes ao euro e colocar os bancos gregos em uma posição delicada, disseram analistas neste fim de semana.

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A decisão do Banco Central Europeu (BCE) deste domingo de manter os empréstimos emergenciais para os bancos no mesmo nível da sexta-feira significa que o sistema bancário do país está agora “à beira de algo terrível”, afirmaram os estrategistas do Citigroup neste domingo

A imposição de controles de capital parece cada vez mais provável, enquanto a Grécia deve fazer um pagamento ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na terça-feira “que ninguém espera que seja pago”, disseram estrategistas de câmbio do Citigroup. Na avaliação deles, a imposição de controles de capital pode vir em breve, sugerindo que as chances de uma saída da Grécia da zona do euro são maiores do que eram na sexta-feira e acrescentando que as demandas mais rígidas sobre a qualidade das garantias oferecidas também são um risco, assim que o BCE se reúne na próxima semana.

O economista Erik Nielsen, do UniCredit, afirmou que a decisão final sobre se a Grécia sairá da zona do euro e a disposição do BCE de prover dinheiro para manter os bancos – ou não – não será tomada sem uma decisão política no nível mais alto. Nielsen espera que sejam adotados controles de capital antes da abertura dos mercados na segunda-feira. “A partir de amanhã de manhã, todos os bancos na Grécia terão de ter limites rígidos sobre a retirada de fundos, ou serão fechados em um feriado bancário determinado pelo governo”, previu.

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O que isso tudo pode significar para os mercados?

Deve haver uma fuga para a qualidade. O contágio pode estar contido e os ministros sinalizaram que farão tudo para preservar a estabilidade, mas nas últimas semanas ativos em Itália, Espanha e Portugal têm sentido a tensão crescente por causa da Grécia. A dívida nos países da chamada periferia da zona do euro ainda é vista como de alto risco e estrategistas já indicaram que esses ativos estarão voláteis, se a Grécia caminhar para deixar o euro. A calma relativa dos investidores que caracterizou os mercados antes do fim de semana será colocada à prova.

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O euro pode sofrer um grande impacto. O Goldman Sachs afirmou na semana passada que a moeda pode recuar para abaixo da paridade com o dólar. Outros bancos sugeriram o mesmo anteriormente. Muito disso tem a ver com a normalização da política monetária dos Estados Unidos, mas Simon Derrick, estrategista-chefe de mercados do BNY Mellon, disse em nota neste fim de semana que uma saída da Grécia da zona do euro “iria alterar fundamentalmente nossa compreensão da segunda mais negociada moeda no mundo”. Na avaliação dele, a notícia iria forçar investidores a reavaliar o risco país dentro da zona do euro.

Os analistas do Citi esperam que o euro esteja em queda na abertura, e preveem que a moeda recue mais. Ainda que a Grécia até agora não tenha sugerido que adotará controles de capital nem fechará bancos, a escala dos saques nos últimos dias sugere que manter essa posição pode não ser factível, afirmam eles.

Isso, segundo o Citi, também lançaria o foco sobre o Banco Nacional Suíço: um euro mais fraco elevará a pressão para que o BC suíço intervenha, a fim de impedir que sua moeda atinja novas máximas.

No caso do Federal Reserve, o banco central norte-americano, o corte na taxa de juros no sábado na China, em meio à instabilidade potencial na zona do euro, poderia afrouxar a pressão dos dirigentes que pedem uma alta na taxa de juros nos EUA mais cedo.

Em uma rara declaração otimista, o economista Beat Siegenthaler, do UBS, disse que, ainda que os eventos do fim de semana provoquem um movimento de fuga do risco na segunda-feira, ainda espera que a maioria da população grega aprove o pacote dos credores, em plebiscito na próxima semana. Com isso, uma saída da Grécia na zona do euro seria impedida.

Outros mostram-se menos esperançosos. O diretor-gerente para ações do Deutsche Bank, Nick Lawson, disse que há apostas de que as bolsas europeias podem cair 4% na segunda-feira. “Sydney e o Japão nos darão na noite de hoje uma pista, mas na verdade ninguém tem uma pista sobre como esta semana será e este é o pior cenário para o risco”, afirmou. Fonte: Dow Jones Newswires.