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Analistas descartam bolha de crédito no Brasil

Analistas brasileiros descartam que esteja em formação no País uma bolha de crédito, conforme afirmou hoje (21), em um artigo no jornal britânico ‘Financial Times’, o investidor Paul Marshall. Presidente de um dos maiores fundos hedge (de alto risco) da Europa, ele escreveu que o Brasil “pode estar caminhando para uma crise do subprime”.

Subprime é o nome pelo qual ficou conhecida a crise que estourou em 2008 nos Estados Unidos, após a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers. Esse nome caracterizava um segmento de clientes aos quais foram concedidos empréstimos para a compra da casa própria. Como não conseguiram honrar os compromissos, seguiu-se uma onda de calotes que estourou nos bancos.

Marshall sustenta, entre outros fatores, que o ritmo de expansão do crédito aqui tem superado o crescimento nos outros países que formam os Brics (Rússia, Índia e China). Ele também cita que o comprometimento da renda dos brasileiros com prestações supera o nível dos Estados Unidos – informação divulgada em reportagem do Estado de outubro do ano passado.

Por fim, observa que os bancos brasileiros gastam mais para cobrir perdas com inadimplência do que bancos indianos e chineses. E conclui: “(O Brasil) talvez tenha bebido com muita impulsividade no salão da desinflação (dos últimos anos)”.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, o gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi, e o analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, rebatem os argumentos do investidor inglês.

“Para começar, não é adequado comparar economias desenvolvidas com a nossa, na qual nunca houve muito crédito à disposição dos consumidores”, afirmou Oliveira. Ele também lembra que, no Brasil, os bancos limitam o comprometimento da renda dos clientes com empréstimos. “Em geral, não deixam que passe de 30% do rendimento.”

Outra diferença importante entre o Brasil e os Estados Unidos é que, por aqui, a maioria dos empréstimos é concedida com taxas prefixadas. Ou seja, o devedor não está sujeito às oscilações do mercado e da própria economia. Nos EUA, um dos grandes problemas é que o juro básico da economia subiu, elevando junto o custo dos empréstimos. Muita gente, então, deixou de pagar.

Santacreu avalia que o argumento de Marshall não se encaixa no caso brasileiro porque o Banco Central (BC) tem se mostrado atento a eventuais distorções no mercado. O analista cita como exemplo as medidas macroprudenciais anunciadas no fim de 2010, com objetivo, sobretudo, de frear a expansão do crédito para a compra de veículos.

“O BC está dando sinais para os agentes econômicos de que o crédito deve ser moderado a partir de 2011”, argumentou Santacreu. “Além do mais, os próprios bancos brasileiros tiveram más experiências no passado e aprenderam com elas.”

Rabi observou que, tecnicamente, o artigo do inglês não trouxe nenhum cálculo excepcional. “Ele usou dados que têm sido citados por vários outros especialistas para dizer que não há risco de bolha no Brasil”, disse.

O economista da Serasa também lembra que, nos EUA e em outros países desenvolvidos, as taxas de juros são bem mais baixas do que no Brasil. Isso faz com que os bancos dessas nações busquem rentabilizar suas operações – ou seja, buscar mercados como o subprime. Aqui, observa, não é preciso. 21/02/2011 20:00 – NG/EC/CRÉDITO/BRASIL/OPINIÃO/ATUALIZA

Analistas rechaçam tese de subprime no Brasil

Por Leandro Modé

São Paulo, 21 (AE) – Analistas brasileiros descartam que esteja em formação no País uma bolha de crédito, conforme afirmou hoje (21), em um artigo no jornal britânico ‘Financial Times’, o investidor Paul Marshall. Presidente de um dos maiores fundos hedge (de alto risco) da Europa, ele escreveu que o Brasil “pode estar caminhando para uma crise do subprime”.

Subprime é o nome pelo qual ficou conhecida a crise que estourou em 2008 nos Estados Unidos, após a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers. Esse nome caracterizava um segmento de clientes aos quais foram concedidos empréstimos para a compra da casa própria. Como não conseguiram honrar os compromissos, seguiu-se uma onda de calotes que estourou nos bancos.

Marshall sustenta, entre outros fatores, que o ritmo de expansão do crédito aqui tem superado o crescimento nos outros países que formam os Brics (Rússia, Índia e China). Ele também cita que o comprometimento da renda dos brasileiros com prestações supera o nível dos Estados Unidos – informação divulgada em reportagem do Estado de outubro do ano passado.

Por fim, observa que os bancos brasileiros gastam mais para cobrir perdas com inadimplência do que bancos indianos e chineses. E conclui: “(O Brasil) talvez tenha bebido com muita impulsividade no salão da desinflação (dos últimos anos)”.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, o gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi, e o analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, rebatem os argumentos do investidor inglês.

“Para começar, não é adequado comparar economias desenvolvidas com a nossa, na qual nunca houve muito crédito à disposição dos consumidores”, afirmou Oliveira. Ele também lembra que, no Brasil, os bancos limitam o comprometimento da renda dos clientes com empréstimos. “Em geral, não deixam que passe de 30% do rendimento.”

Outra diferença importante entre o Brasil e os Estados Unidos é que, por aqui, a maioria dos empréstimos é concedida com taxas prefixadas. Ou seja, o devedor não está sujeito às oscilações do mercado e da própria economia. Nos EUA, um dos grandes problemas é que o juro básico da economia subiu, elevando junto o custo dos empréstimos. Muita gente, então, deixou de pagar.

Santacreu avalia que o argumento de Marshall não se encaixa no caso brasileiro porque o Banco Central (BC) tem se mostrado atento a eventuais distorções no mercado. O analista cita como exemplo as medidas macroprudenciais anunciadas no fim de 2010, com objetivo, sobretudo, de frear a expansão do crédito para a compra de veículos.

“O BC está dando sinais para os agentes econômicos de que o crédito deve ser moderado a partir de 2011”, argumentou Santacreu. “Além do mais, os próprios bancos brasileiros tiveram más experiências no passado e aprenderam com elas.”

Rabi observou que, tecnicamente, o artigo do inglês não trouxe nenhum cálculo excepcional. “Ele usou dados que têm sido citados por vários outros especialistas para dizer que não há risco de bolha no Brasil”, disse.

O economista da Serasa também lembra que, nos EUA e em outros países desenvolvidos, as taxas de juros são bem mais baixas do que no Brasil. Isso faz com que os bancos dessas nações busquem rentabilizar suas operações – ou seja, buscar mercados como o subprime. Aqui, observa, não é preciso.

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