O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, viajou ontem para La Paz, na Bolívia, onde hoje e amanhã deverá conversar com o presidente Evo Morales e com vários ministros sobre a nacionalização do gás e sobre a reforma agrária. Segundo nota distribuída pelo Itamaraty, o chanceler brasileiro tem reuniões agendadas com os ministros do país vizinho de Relações Exteriores, Presidência, Governo, Planejamento, Defesa e Desenvolvimento Rural, além dos presidentes da Câmara e do Senado.
O ministro deve tratar de assuntos que envolvam a integração dos dois países, como o gás, e ?também de aspectos relativos à proteção dos interesses da população brasileira residente na Bolívia?, afirmou a nota.
Além da decisão da Bolívia de nacionalizar as reservas de petróleo e gás e de transferir para o governo o controle de duas empresas controladas pela Petrobras, anunciada no último dia 1.º de maio, o Itamaraty também está preocupado com a decisão do país vizinho de realizar a reforma agrária.
A Bolívia promete anunciar a medida oficialmente nas próximas semanas, segundo autoridades locais. A reforma agrária pode afetar sojicultores brasileiros, apesar de o governo boliviano ter prometido apenas desapropriar terras improdutivas e não tomar medidas que afetem apenas estrangeiros.
Argentina
O embaixador da Bolívia na capital argentina, Roger Ortiz Mercado, declarou que o futuro preço do gás que seu país vende à Argentina já está acertado. Segundo ele, o acordo será assinado daqui a uma semana e meia. Ortiz Mercado sustentou que o preço a ser fixado é ?tal como esse que está sendo falado pela imprensa? argentina, ou seja, ao redor de US$ 5,00 o milhão de BTU (unidade de medida do gás). Atualmente, a Argentina paga quase US$ 3,20 o milhão de BTU.
A Argentina estava tentando conseguir um acordo com a Bolívia há várias semanas. Uma primeira missão enviada a La Paz pelo governo do presidente Néstor Kirchner, comandada pelo secretário de Energia, Daniel Cameron, terminou em fracasso.
Outra missão está a ponto de partir para a capital boliviana, liderada pelo poderoso ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido, para fechar o acordo. O plano argentino é fechar um acordo de vários anos de duração, ao contrário do governo boliviano, que pretende assinar um trato com duração somente até fins deste ano.