Rio (das agências) – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem esperar que as afirmações do secretário norte-americano do Tesouro, John Snow, de que a aprovação do Cafta (sigla em inglês para Acordo de Livre Comércio da América Central e República Dominicana) possa acelerar o andamento da implementação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), não fiquem apenas na intenção.
?Se com um percentual tão pequeno de exportação, como é o do Cafta, houve tanta dificuldade de aprovação no Congresso dos EUA, com apenas dois votos a favor na Câmara, imagino como será com a produtividade brasileira e de outros países no Mercosul?, disse Amorim. Segundo o ministro, as prioridades do Brasil neste momento são a OMC (Organização Mundial do Comércio) e os acordos com países em desenvolvimento.
O Cafta foi aprovado no final do mês passado, com apenas dois votos de diferença. O presidente dos EUA, George W. Bush, chegou a ir pessoalmente ao Congresso para incentivar a aprovação do acordo.
O ministro destacou que é preciso estabelecer um programa para colocar a Alca novamente nos trilhos. Apesar disso, ele ressalta que no momento o Brasil concentra esforços na OMC. ?Sem negar a importância da Alca, nós todos estamos concentrados na OMC. Sem saber o que vai haver em matéria de subsídios agrícolas, o que vai ser eliminado, fica até difícil falar em Alca, porque fica difícil saber o que pedir.? Para o ministro, o subsídio agrícola é a forma ?mais escandalosa se subtrair renda dos países em desenvolvimento?.
Segundo Amorim, a teia de interesses da OMC é mais complexa e o País tem condições de obter resultados mais favoráveis do que em um acordo puramente regional.
Subsídios
Amorim disse que os subsídios agrícolas dos países ricos talvez sejam a forma mais forte e escandalosa de subtrair renda de países em desenvolvimento. Segundo ele, essa é a conclusão de organismos de combate à fome e à miséria de todo o mundo sobre o efeito dos subsídios agrícolas praticados por países ricos. ?Eu concordo modestamente?, disse ele, que participou ontem do seminário do Ibas (foro que une Índia, Brasil e África do Sul) sobre desenvolvimento econômico com eqüidade social.