Amorim discute comércio com Hillary Clinton

Em paralelo à Cúpula do G-20, nesta quinta em Londres, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, teve um encontro com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, na capital britânica, e conversou por telefone com o representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), Ron Kirk. Conforme informações do Palácio Itamaraty, ambos os contatos se deram a pedido das autoridades dos EUA.

Kirk telefonou para Amorim, que estava na embaixada brasileira em Londres, por volta das 15 horas de ontem (19 horas, no horário de Brasília). Nesta primeira conversa entre ambos, o brasileiro insistiu pela retomada das negociações da Rodada Doha de comércio multilateral, da Organização Mundial do Comércio (OMC), valendo-se do argumento de que é preciso “aproveitar o momento e a existência de um pacote já amadurecido”, que envolve os acordos básicos nas áreas agrícola e industrial.

Na conversa, Kirk propôs a Amorim um encontro pessoal em paralelo a 5ª Cúpula das Américas, que se dará em Trinidad e Tobago entre os dias 17 e 19 de abril. O chanceler brasileiro convidou Kirk a uma visita ao Brasil – especificamente, a Salvador.

Com Hillary Clinton, Amorim conseguiu acertar uma posição comum entre Brasil e EUA para que o foco da Cúpula das Américas esteja na discussão de temas sociais. Particularmente, nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Este evento será marcado pelo primeiro contato direto entre o presidente norte-americano, Barack Obama, com o conjunto dos líderes dos países latino-americanos e caribenhos, com exceção de Cuba.

Nesse encontro, Amorim voltou a marcar a posição brasileira em favor da redução das barreiras tarifárias norte-americanas sobre o etanol de cana-de-açúcar e, novamente, não recebeu nenhum sinal de que os EUA diminuirão o grau de proteção a seus produtores de etanol de milho.

Ambos tocaram ainda na cooperação Brasil-EUA em outros países, especialmente no Haiti, e na implementação da lei norte-americana que prevê a flexibilização de regras de origem para produtos têxteis haitianos exportados para os EUA, como forma de estímulo a investimentos produtivos naquele país. A proposta é de ambos os países aplicarem esse benefício a outras nações em situação econômica precária.

Amorim e Hillary conversaram ainda sobre a situação do Afeganistão, do Irã e do Oriente Médio. O chanceler brasileiro comentou ainda a conversa que teve, em Brasília, com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Manouchehr Mottaki, no último dia 26 de março. Ao fim da conversa, Amorim convidou Hillary a uma visita ao Brasil.