As economias latinas vão crescer menos em 2011. Relatório divulgado hoje pela Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) mostra que a região terá uma expansão de 4,2% no próximo ano, uma desaceleração na comparação com a estimativa de crescimento de 6% para 2010.
“Diversos fatores começaram a indicar, a partir do segundo semestre de 2010, um cenário menos otimista para a economia internacional que, somado à diminuição do impulso proveniente dos gastos públicos e o esgotamento da capacidade produtiva ociosa, devem levar a um menor dinamismo das economias da América Latina e o Caribe em 2011”, apontam os técnicos da Cepal, uma das cinco comissões econômicas regionais da Organização das Nações Unidas (ONU), no documento. O Brasil deve crescer 4,6% em 2011, após uma expansão de 7,7% estimada para este ano, avaliam os técnicos da Cepal.
A desaceleração prevista para 2011 reflete, segundo os técnicos, a paulatina redução do impulso provocado pelas políticas públicas adotadas durante a crise financeira internacional, que garantiram aos mercados emergentes uma recuperação mais rápida e forte do que registrado nas nações desenvolvidas. Além disso, o crescimento menor estimado para a economia global no próximo ano afetará o comportamento dos países latinos, por conta dos efeitos sobre os fluxos de comércio e investimentos.
Apesar da desaceleração estimada, o desempenho econômico da América Latina e Caribe em 2011 ainda será melhor do que o dos países em desenvolvimento e o do mundo. Pelos cálculos, as nações mais desenvolvidas devem crescer 1,9% no próximo ano, seguindo uma expansão de 2,3% em 2010. No caso da economia global, a projeção é um crescimento de 3,1% em 2011, frente um avanço de 3,6% este ano.
O mercado de trabalho deve seguir em 2011 a trilha de recuperação iniciada em meados de 2009. Pelas estimativas, a taxa de desemprego na América Latina e no Caribe deve cair de 7,6% em 2010 para 7,3% no próximo ano.
O comportamento das contas externas, entretanto, segue caminho inverso. Depois de a região ter registrado em 2009 um déficit em suas transações com o resto do mundo equivalente a 0,4% de todas as riquezas produzidas na região, os técnicos da Cepal estimam que o resultado de 2010 será deficitário em 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) regional, crescendo para 1,5% no próximo ano. “Esse resultado ainda não é preocupante, mas é preciso ter atenção”, afirmou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, em entrevista transmitida diretamente de Santiago, no Chile, onde fica a sede da comissão.