O economista-chefe para América Latina e Caribe do Banco Mundial, Augusto de la Torre, acredita que a América Latina está passando por mudanças permanentes, fruto do fim do ciclo de crescimento da China e do boom das commodities. Segundo ele, esses fatores trouxeram desaceleração aguda e inesperada.
Os exportadores de matérias-primas empurram o desempenho da região para baixo, avalia Torre. O choque foi ampliado pela reversão das condições externas.
“Sem reformas, o novo ritmo mais baixo de crescimento da AL será permanente”, disse há pouco, durante coletiva que acontece neste momento durante a reunião de Primavera do FMI. “A região tem pouco espaço de manobra fiscal e monetária.”
Ele acredita que a região foi pega numa ausência de “divina coincidência”, porque é preciso usar a política monetária para controlar a inflação, enquanto a necessidade de ajuste fiscal afeta o crescimento econômico. “Os objetivos não coincidem”, afirmou.
Torre avalia que a América Latina precisa criar espaço de manobra no atual cenário. Para isso, cita como uma das possibilidades a ampliação das bandas de inflação, de forma a permitir a absorção dos choques de oferta. Na lado fiscal, a sugestão é o reforço dos fundos de estabilização para amortização dos efeitos dos ajustes.
Para ele, a saída para a região não é a tomada de novos empréstimos, mas sim o aumento da poupança na região. “Poupar pode ajudar muito. Quem poupa mais, exporta mais”, afirmou.