A Ambev vai financiar o Open Delivery, sistema de entregas sem custo para bares e restaurantes que a (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) pretende lançar em março de 2021 para unificar as entregas no setor. A medida que deve impactar o domínio de aplicativos que oferecem o serviço, como iFood e Uber Eats.
“Queremos colaborar com o projeto através da startup Get In, que faz parte do grupo de startups parceiras da Ambev e tem como missão ajudar bares e restaurantes em sua gestão”, afirma a Ambev em nota.
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De acordo como presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, presidente da associação, a iniciativa Open Delivery não terá custo para donos de bares e restaurantes e irá ampliar a concorrência em um ambiente de monopólio. Hoje, o iFood detém, segundo Solmucci, 70% do mercado. “Não é uma plataforma, não é um aplicativo. O Open Delivery é um código de aberto de informação que padroniza a informação e vai conversar com todos os softwares”, disse.
Segundo o presidente da Abrasel, a iniciativa é uma demanda de empresários do setor insatisfeitos com as altas taxas cobradas pelas principais principais empresas de entregas por aplicativos, que cobram entre 15% e 30% do valor da operação.
“Hoje os bares e restaurantes acabam recebendo pedidos de vários aplicativos. O código aberto irá permitir que todas as empresas adotem cardápio e horário de funcionamento em um único lugar”, afirma.
Outras empresas
Além do apoio da Ambev, a Abrasel diz que está negociando com outras empresas interessadas no projeto. Em nota, a varejista Magazine Luiza confirmou que “representantes do Magalu, de fato, participaram de uma reunião recente com executivos da Abrasel, promovida por um de seus fornecedores”, mas não fechou acordo.
A empresa afirma, em nota, que apesar do encontro, em nenhum momento, porém, houve qualquer posicionamento do Magalu no sentido de participar da iniciativa, que a empresa respeita mas da qual não tem conhecimento profundo.
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A Google também confirmou à reportagem que foi procurada pela Abrasel para apresentação do projeto. Em nota, a empresa afirma que não firmou parceria com o ‘Open delivery’.
“Reforçamos nosso compromisso em apoiar todos os atores do ecossistema local, entre associações, donos de estabelecimentos, empresas de tecnologia e outros, na busca por produtos e recursos para facilitar e melhorar cada vez mais o dia a dia das pessoas,” afirma a empresa em nota.
Pix
Solmucci afirma que o Open Delivery reúne todas as empresas de tecnologia que atuam no setor, que o movimento é de âmbito nacional e poderá ser integrado ao Pix. “O Pix vai poder levar todo o pedido do cliente já junto com o pagamento”, disse.
O presidente da associação diz que até dezembro haverá uma nova reunião de um comitê que reúne a Abrasel, além de especialistas nas áreas de governança, logística, compliance e assuntos regulatórios.
Paulo Eduardo Guimarães, presidente da AFRAC (Associação Brasileira de Automação para o Comércio), que apoia o projeto, explica que o Open Delivery é um padrão de comunicação, que poderá ser adotado por aplicativos próprios de restaurantes e também por grandes empresas que atuam no setor.
“É um padrão de comunicação que as empresas de tecnologia e de software vão implementar e qualquer restaurante e empresa de tecnologia poderão se conectar”, explica.
Em nota, o iFood disse acreditar na importância de soluções para o mercado de restaurantes e no diálogo entre os participantes. Procurada pela reportagem, Uber Eats não se posicionou até o fechamento da matéria.