AmBev anuncia megafusão com cervejaria belga

A cervejaria brasileira AmBev – dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica – anunciou ontem uma fusão com a cervejaria belga Interbrew. O negócio será feito por meio de troca de ações. A Interbrew (fabricante das marcas Stella Artois e Beck?s) e a AmBev terão juntas cerca de 14% do mercado de cervejas, assumindo a liderança na produção mundial do setor. Em relação ao valor dos seus ativos, será a segunda maior cervejaria do mundo, com até US$ 27 bilhões em valor. A produção do grupo formado pela associação será de 190 milhões de hectolitros de cerveja e de 25 milhões de hectolitros de refrigerante (um hectolitro equivale a 100 litros).

As empresas disseram ontem que os acionistas de ambas as companhias terão representatividade igual na diretoria do novo grupo. A Interbrew vai emitir 141,7 milhões de novas ações para assumir o controle da Braco, holding brasileira que representa os atuais acionistas da AmBev. A Interbrew terá uma participação indireta de 21,8% do capital total da AmBev como resultado desta parte da operação.

A AmBev irá emitir 9,5 bilhões de ações ordinárias e 13,8 bilhões de ações preferenciais para a Interbrew, como contrapartida da incorporação da Labatt, subsidiária integral canadense da Interbrew, incluindo sua participação de 30% no capital de Femsa Cerveza SA de CV e sua participação de 70% no capital da Labatt nos Estados Unidos. Labatt, que estará assumindo obrigações no valor de US$ 1,5 bilhão (incluindo notas promissórias no valor de US$ 506 milhões) será incorporada pela AmBev.

No final da negociação, após oferta pública de ações, a InterbrewAmBev será dona de 57% da AmBev. Os atuais donos da AmBev terão uma participação de cerca de 25% na nova companhia.

A sede da InterbrewAmBev será em Leuven, Bélgica, e a sede da AmBev será em São Paulo, Brasil. A AmBev terá dois Co-CEOs, um para a América do Norte e um para a América Latina, ambos se reportando ao Conselho da AmBev baseado no Brasil. Eles também serão membros da Diretoria Executiva, liderada por John Brock.

O co-presidente da AmBev, Victório de Machi, participou anteontem de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda), no Palácio do Planalto. Após o encontro, ele disse que Lula “achou a operação extremamente importante ao País”.

O executivo também disse que o negócio deve ser apresentado ao Cade (Conselho Administrativo de Direito Econômico) dentro de, no máximo, 15 dias.

As duas empresas em números

InterbrewAmBev, o nome da nova companhia, terá uma receita de 9,5 bilhões de euros (US$ 11,68 bilhões) e um Ebitda (lucros antes de juros, taxas, depreciações e amortizações) de 2,4 bilhões de euros (US$ 2,9 bilhões). As empresas também esperam obter 280 milhões de euros com cortes de custos e licenciamento de marcas já existentes.

O novo grupo rivalizará com a Anheuser-Busch (maior cervejaria em termos de vendas do mundo e detentora da marca Budweiser), em termos de produção. A AmBev é a líder no setor de cervejas no Brasil e tem sido vista como uma empresa estratégica na consolidação global da indústria cervejeira.

A Interbrew tem presença limitada na América Latina. Ela possui 30% de participação na Femsa (maior indústria de cervejas do México) e tem metade da participação em uma cervejaria cubana. A Marca Beck, da Interbrew, também é exportada para a região.

Na última década, a Interbrew se expandiu rapidamente, saltando à frente das rivais ao adquirir a marca canadense Labatt e parte da Bass, no Reino Unido.

A associação chegou no momento em que a Interbrew anunciou um crescimento de 7,5% em seu Ebitda (sigla em inglês para lucros antes de juros, taxas, depreciações e amortizações), chegando a 1,5 bilhão de euros.

A AmBev “está bem posicionada” na América do Sul e Caribe, enquanto a Interbrew “é uma empresa forte” no Canadá, México, Ásia e Europa.

Segundo o diretor-presidente da Interbrew, John F. Brock, a união das duas empresas não irá ocasionar fechamento de fábricas nem perda de empregos. “Há qualquer fechamento imediato de fábricas planejado? Não. Mas posso garantir que iremos observar todos os nossos passos e nos certificarmos de que são os melhores no longo prazo”, disse.

Ele negou que a empresa esteja comprando a AmBev, e disse se tratar de uma parceria. “Não é uma aquisição, é uma combinação”, afirmou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo