Alta nos preços de construção puxou IGP-10 de junho

A aceleração na taxa do Índice Nacional de Custo da Construção – 10 (INCC-10), de 0,44% para 1,51% em junho, levou à taxa maior do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que subiu 0,15% este mês, ante aumento de 0,09% em maio. A informação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "Com os preços do atacado em queda, e os preços do varejo acelerando, mas pouco, os preços na construção foram os principais responsáveis mesmo pela aceleração do IGP-10", afirmou.

De acordo com ele, houve aumentos de preços mais expressivos tanto nos segmentos de materiais e serviços (de 0,53% para 0 57%) quanto de mão-de-obra (de 0,33% para 2,57%). Entretanto, foi este último o principal responsável pela taxa mais elevada do INCC-10 em junho. Quadros lembrou que a resolução de dissídios salariais sempre ocorre nessa época do ano, na construção civil.

No período do IGP-10 de junho, houve aumentos nos preços de mão-de-obra em seis capitais: Fortaleza (4,05%); Brasília (4 72%); Goiânia (2,42%); Rio de Janeiro (1,81%); Florianópolis (3 58%) e São Paulo ( 4,37%). "São Paulo é a capital de maior peso, e foi a cidade que mais contribuiu (para a taxa maior do INCC-10)", disse Quadros.

A taxa do IGP-10 de junho poderia até ter sido maior, não fosse a deflação registrada no mês pelo Índice de Preços no Varejo -10 (IPA-10), de -0,10%, que ajudou a segurar aceleração do índice. "O IPA-10 ofuscou um pouco o impacto da aceleração do INCC-10", disse.

Metais

A desaceleração nos preços de cobre e de produtos relacionados a esse tipo de metal, aliada à elevação menos intensa nos preços dos combustíveis, conduziram à deflação de 0,10% no IPA-10 em junho, avalia Quadros. De acordo com ele, esse cenário fez com que os preços dos produtos industriais no atacado subissem menos de maio para junho (de 0,85% para 0,16%).

O economista afirmou que o preço do cobre e de seus derivados estão subindo menos no mercado internacional, puxando para baixo preços de segmentos de importância no atacado. É o caso da desaceleração em materiais e componentes para manufatura (0,72% para 0,04%).

Já no caso dos combustíveis, houve forte desaceleração de preços (de 1,19% para 0,37%), de maio para junho. Isso porque os preços dos derivados do álcool despencaram no período. É o caso das quedas em álcool anidro (de 1,82% para -7,07%); e álcool etílico hidratado (de 2,33% para -6,80%). Como a gasolina contém 23% de álcool em sua formação, o preço deste produto no atacado também subiu menos (de 1,06% para 0,01%). Ele lembrou que, atualmente, há uma grande oferta de cana-de-açúcar no mercado interno, o que favorece, por conseqüência, a oferta dos derivados da cana, como o álcool – reduzindo, assim os preços desse tipo de produto.

Previsão

As taxas baixas do IGP-10 nos últimos dois meses, e dos IGPs de uma maneira geral, abaixo de 0,20% "não devem durar", na avaliação de Quadros. Segundo ele, a expectativa é de que ocorra uma "aceleração gradual" nos resultados dos indicadores, no curto prazo – em cerca de dois meses.

Ele, porém, considerou que não espera um resultado para o IGP-10 de julho como o registrado em igual mês do ano passado, de 0 39%. "Deve ser abaixo disso sim, mas deve ser maior do que o de 0,15% (de junho, anunciado nesta segunda-feira, dia 18)", afirmou.

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