São Paulo (AE) – Cobre, zinco, alumínio e aço começam a pressionar os custos das indústrias de eletrodomésticos e materiais de construção no mercado doméstico. Os reajustes de preços de componentes e peças desses metais variam entre 5% e 19% para este mês e o próximo, dependendo do fabricante.
As negociações, admitem os empresários, ficaram mais difíceis nas últimas semanas entre as indústrias de bens finais, metalúrgicas e siderúrgicas. Isso preocupa a indústria eletroeletrônica, pois cresce o risco de uma nova onda de reajustes de preços ao consumidor na virada do semestre, exatamente quando a demanda começa a ficar mais aquecida.
A pressão por reajustes se deve à disparada dos preços desses metais no exterior, impulsionada pelo maior consumo de matérias-primas por parte da China e dos Estados Unidos. Desde janeiro, o cobre e o zinco já subiram cerca de 60% em dólar no mercado externo; o zinco, 30%; e o alumínio, 20%.
Até agora, no entanto, os aumentos no mercado doméstico estão restritos ao atacado. No primeiro quadrimestre deste ano, o preço do cobre subiu 21,57%, e o do alumínio, 7,88%, segundo o Índice de Preços por Atacado (IPA) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No mesmo período, o IPA caiu 0,29%. Mas é crescente o número de empresas que acenam com aumentos de preços na cadeia de produção da indústria.
Condupar, por exemplo, maior fabricante de cabos com plug para a indústria eletroeletrônica, reajustou os preços em 9,5% a partir do dia 1.º deste mês. A previsão é de um novo aumento, de 15%, a partir da segunda quinzena de maio, diz a gerente de vendas, Fátima Vieira de Freitas.
Ela explica que o aumento resultou da explosão do preço do cobre na Bolsa de Metais de Londres (LME). O cobre é a principal matéria-prima dos cabos com plug. Mensalmente, a sua indústria transforma 70 toneladas em cabo.
A Usiminas, por exemplo, não confirma o aumento de preço. Mas a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informa que vai aumentar em média em 5% o preço do aço a partir do mês que vem. No primeiro trimestre, a CSN reajustou em 7% o aço no mercado internacional, aproveitando a forte demanda. Para o mercado interno, a tendência das cotações da commodity é de alta, afirma a empresa, para este trimestre e o próximo por causa da expectativa de melhora do cenário econômico, redução de juros e incentivos à construção civil e agricultura.
Nas contas de um empresário do setor eletroeletrônico, a alta dos metais deve ter impacto da ordem de 3% em média nos preços ao consumidor dos eletrodomésticos de grande porte, como geladeira e fogões, e nos eletroportáteis. Já a linha de imagem e som deve ser menos afetada, uma vez que o uso de componentes metálicos é menor nesses produtos.