A agência de classificação de risco Fitch afirmou em relatório que os mercados emergentes tornam-se uma fonte crescente de risco para o crescimento global, com a forte queda nos preços das commodities e choques políticos exacerbando a desaceleração. Nesse contexto, a perspectiva de que o Federal Reserve, o Fed, banco central norte-americano, eleve a taxa de juros deve gerar mais pressão sobre esses países. Entre as nações que enfrentam desafios, a agência cita o Brasil.

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De acordo com a Fitch, os bônus dos mercados emergentes foram impulsionados na última década pela busca dos investidores internacionais por maiores rendimentos e pela redução do número de intermediários para o financiamento nos mercados locais de dívida. Com isso, estão mais vulneráveis a uma alta nos juros nos EUA e à reversão dos fluxos de capital.

Entre os 19 emergentes avaliados, a Fitch diz que os emissores da Turquia são os mais expostos em todos os principais setores, ainda que muitos desses riscos estejam em circulação e que o país tenha superado condições desafiadoras no passado. “Os países latino-americanos, notavelmente o Brasil, também enfrenta desafios pela frente, porém mais devido ao enfraquecimento dos fundamentos que pelos altos níveis de financiamento em dólar sem hedge.”

A Fitch diz que, em geral, houve uma melhora nos fundamentos do crédito soberano desses emergentes na última década, com crescentes reservas cambiais em moeda estrangeira, mais países deixando flutuar o câmbio, uma maior proporção de dívida do governo em moedas locais e com vencimentos mais longos. Porém, houve rebaixamentos de ratings soberanos dos emergentes em 2015 e o Fed caminha para apertar sua política no momento em que muitos emergentes desaceleram, com preços mais baixos de commodities, desvalorizações cambiais e, em alguns casos, um aumento no risco político, diz a agência.

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Segundo a agência, alguns bancos de emergentes sem muitas dívidas em dólar desejam uma alta nos juros nos EUA, o que pode elevar o lucro deles. Porém, para a maioria dos bancos qualquer aumento na lucratividade é superado pelos riscos, incluindo a reduzida capacidade de alguns soberanos em apoiar seus bancos, bem como a pressão sobre a qualidade dos ativos e do capital. “Dentro do setor corporativo, companhias alavancadas com dívida denominada em dólar, despesas operacionais e despesas de capital são as mais expostas – especialmente aquelas sem receita em dólar e/ou hedge no balanço”, diz a Fitch. Para a agência, há bolhas de setores que continuam a inflar e estourar, como em aço, açúcar e etanol e entre pequenas companhias do setor de commodities.