Rio
– Na semana passada o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa de juros básica da economia (Selic) de 22% para 25% ao ano, a mais alta desde maio de 1999. Se, por um lado, taxas mais elevadas reduzem o ritmo de crescimento econômico, por outro, aumentam os ganhos de quem aplicou recursos nos tradicionais fundos DI.– Como eles aplicam em títulos pós-fixados, ou seja, que acompanham a variação dos juros, sejam elas para cima ou para baixo, quando as taxas sobem, eles repassam esta elevação para o investidor. Por outro lado, quando os juros caem, esse tipo de aplicação deixa de ser vantajosa -explica César Trotte, diretor de renda fixa da Fides Asset.
Mas a trajetória de alta da taxa Selic pode estar com os dias contados. É o que pensa Alan Dain Gandelman, sócio da administradora de recursos Ágora Senior.
– Com os juros em patamares tão elevados, a inflação deve ceder, o que afasta, por ora, a perspectiva de novas altas. A inflação em queda abre espaço para que os juros caiam mais à frente, o que deve beneficiar as aplicações em fundos de renda fixa prefixados.
Ao contrário dos DI, que acompanham a trajetória dos juros, a maioria dos fundos de renda fixa compra títulos públicos e privados prefixados (embora possam adquirir também títulos pós-fixados), que como o nome já indica, rendem uma taxa pré-estabelecida.
Isso significa que, se os juros caem, eles tendem a render mais, já que compraram, antes da queda, títulos remunerados a taxas maiores. Porém, quando as taxas sobem, eles costumam render menos que os fundos DI. Entretanto, nem sempre isso acontece.
Francisco Corrêa da Costa, diretor comercial da GAP Asset Management, explica que os fundos de renda fixa também podem investir em contratos de juros futuros, que projetam uma determinada taxa em um vencimento específico.
Os mais negociados, para abril do ano que vem, projetam juros de 26,50% ao ano, contra os 25% da Selic.
– Isso significa que um fundo de renda que possua uma parcela de sua carteira em contratos futuros não deve ter registrado uma rentabilidade muito diferente da dos fundos DI – avalia Corrêa.
Números do site Fortuna comprovam o raciocínio. Até o dia 19 de dezembro, os fundos DI renderam 1,18% no mês, enquanto os de renda fixa ficaram ligeiramente abaixo no mesmo período, com 1,14%. No longo prazo, a rentabilidade também é similar. No acumulado do ano, os DI acumulam ganhos de 16,73%, contra 15,89% dos renda fixa.
Mas a aplicação no mercado futuro faz com que, apesar do perfil conservador, os fundos de renda fixa sejam considerados aplicações um pouco mais arriscadas que os fundos DI.
– São, na verdade, apostas que o administrador faz. E elas podem estar certas ou erradas, daí o risco um pouco maior desse tipo de investimento – diz Gandelman.
Para os investidores conservadores que desejam proteger sua poupança em qualquer cenário, analistas recomendam a diversificação, isto é, aplicar uma fatia dos recursos em renda fixa e outra em fundos DI.
– Assim, ele dilui o risco e mantém seu patrimônio protegido, seja em caso de alta ou redução das taxas de juros -orienta Costa, da GAP.