O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta quarta-feira, 27, que o aumento das taxas de juros em janeiro também se deveu a efeitos sazonais. A taxa média de juros no crédito livre subiu de 35,6% ao ano em dezembro para 37,7% ao ano em janeiro.

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“Em dezembro temos redução nas concessões com taxas de juros mais caras, como o cheque especial, e um aumento nas mais baratas, como o cartão à vista. Em janeiro, esse movimento se reverte e a taxa de juros agregada do sistema fica maior”, explicou Rocha.

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Segundo Rocha, a mudança da antiga Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para a Taxa de Longo Prazo (TLP) também influenciou o aumento da taxa média de juros em janeiro, com a mudança do redutor aplicado durante a transição entre as duas taxas. No ano passado, esse redutor era de 0,57, passando para 0,66 em 2019. “A cada janeiro, até 2023, haverá um aumento nessa taxa”, lembrou.

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Ele citou que nos Estados que não estão pagando salários e 13º em dia, os bancos públicos têm oferecido aos servidores uma linha especial de crédito não-consignado, mas com taxas do consignado. “Então os juros são menores em dezembro, voltando ao normal em janeiro. Mas esse é um efeito pontual”, completou.

Cheque especial

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central disse também que o aumento dos juros do cheque especial por um banco em janeiro levou a alta das taxas da modalidade no mês passado. Em janeiro, a taxa do cheque especial chegou a 315,6% ao ano, ante 312,6% em dezembro.

“A alta de juros do cheque especial de uma instituição em janeiro impactou o agregado da taxa”, explicou ele, sem entrar em detalhes sobre qual banco teria elevado os juros da modalidade.

Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.

Apreciação cambial

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central reforçou ainda que, apesar da queda no crédito em janeiro – por motivos sazonais -, a tendência geral do mercado é de expansão. “Em 2016 e 2017 houve redução do estoque total de crédito, mas já há um retorno”, completou.

Segundo ele, o efeito da apreciação cambial em janeiro reduziu o saldo das linhas com vinculação ao câmbio, como a de repasses externos.