Alta do petróleo sugere elevação de juros

Brasília (AE) – A persistência da alta do preço do petróleo num cenário de maior crescimento da economia favorece altas generalizadas de preços, o que requer uma reação da autoridade monetária para combater esses efeitos. A avaliação foi feita pelo novo diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Rodrigo Telles da Rocha Azevedo, cuja indicação foi aprovada ontem pelo Senado. Sem citar diretamente que o resultado desse cenário é um novo aumento dos juros, o discurso dele sugeriu a manutenção da taxa em um nível ainda alto, independente do recente recuo dos preços internacionais do petróleo.

Na avaliação do diretor, a cotação do petróleo no mercado internacional deverá permanecer elevada por mais tempo, já que houve aumento na procura pelo produto e não há perspectiva de reativação rápida de poços que estavam desativados, porque são considerados inviáveis quando o preço do petróleo está mais baixo. Isso ajudaria a reduzir a pressão na cotação internacional.

“Provavelmente vamos ter preços ainda elevados por um tempo. Isso tem impacto para o Brasil”, destacou o diretor, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal (CAE). Azevedo – que teve seu nome aprovado no plenário por 37 votos favoráveis e 6 contrários e ocupará a vaga deixada por Luiz Augusto de Oliveira Candiota no final de julho – tomará posse somente na semana que vem, segundo a assessoria de imprensa do BC.

Além de reduzir as exportações, já que implicará em menor crescimento da economia mundial, a instabilidade criada no mercado com a alta do petróleo diminui a capacidade de financiamento externo ao deixar os investidores internacionais com maior aversão a risco e menor exposição em economias emergentes. Um outro problema considerado secundário pelo novo diretor diz respeito ao déficit de US$ 2,1 bilhões registrado pelo País decorrente de importações do produto. “Cada aumento de 10% no preço do petróleo gera um déficit adicional de cerca de US$ 200 milhões”, afirmou, ressaltando, entretanto, que essa diferença é facilmente financiável pelo movimento de recursos contabilizado nas contas externas.

Conservador

Durante a sabatina na CAE, Azevedo confirmou a percepção de parte dos analistas do mercado financeiro de que o seu ingresso na cúpula do BC reforçará o time dos chamados conservadores, que até agora tem sido determinante na definição da trajetória dos juros.

Mercado prevê alta da Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou ontem a reunião mensal de dois dias, para avaliar a condução das diretrizes de política monetária e definir rumos da taxa básica de juros, que serve de parâmetro para os financiamentos diários com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liqüidação e Custódia (Selic). A expectativa dos analistas de mercado é de que o Copom aperte um pouco mais o ajuste monetário, elevando a taxa de juros, que está em 16,25% ao ano. De acordo com o último Boletim Focus divulgado pelo BC, quase todos apostam na alta, por causa da resistência da inflacão em alguns segmentos de mercado – em especial dos preços no atacado, cujos índices apontam expectativas de inflação acima de 12% no ano e dos aumentos dos preços monitorados.

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