O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, afirmou que a valorização do iene nos últimos meses pode minar os esforços da instituição para elevar a inflação para a taxa de 2%, o que poderia levar a medidas adicionais de relaxamento.

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Em entrevista ao Wall Street Journal, Kuroda mostrou sua preocupação com o iene mais forte, após a moeda se apreciar 11% ante o dólar neste ano e também ante outras moedas, entre elas o euro. A tendência prejudica os exportadores japoneses e coloca pressão de baixa sobre os preços de importados, o que segura a inflação.

Kuroda falou após participar nos últimos dias da reunião semestral do Fundo Monetário Internacional (FMI). “Se a apreciação excessiva continuar, isso poderia afetar não apenas a inflação real, mas mesmo a tendência na inflação, por meio do impacto na confiança das empresas, na atividade das empresas e ainda por meio das expectativas de inflação”, afirmou. Segundo ele, o BoJ não hesitará em agir de novo para impulsionar a inflação, se preciso.

“Como eu sempre tenho enfatizado, se necessário para atingir a meta de inflação de 2% no período mais breve possível nós não hesitaremos em tomar medidas adicionais de relaxamento”, afirmou. A próxima reunião do BoJ ocorre nos dias 27 e 28 de abril. Kuroda já abriu as portas para a chance de mais medidas de relaxamento, mas não deu um sinal claro de que alguma ação será tomada agora.

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Kuroda disse que pode haver mais medidas, mas enfatizou que não deve ser lançada mão do chamado “helicóptero de dinheiro”. O termo se refere a uma estratégia segundo a qual o banco central imprime dinheiro (por exemplo, ao comprar bônus do governo) para financiar diretamente a expansão dos gastos do governo ou cortes de impostos. “Nós não temos a intenção de usar helicóptero de dinheiro, nada disso”, argumentou ele, porque isso iria macular a divisão de responsabilidades entre o Parlamento, responsável pela política fiscal, e o banco central, que estabelece a política monetária.

O presidente do BoJ disse que há espaço “técnica e teoricamente” para levar as taxas de juros mais para o território negativo, até pelo menos -0,4%, como o Banco Central Europeu (BCE) fez. “Mas isso não significa que nós vamos fazer isso ou deveríamos”, destacou. Fonte: Dow Jones Newswires.

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