A valorização do dólar nos últimos dias – especialmente quinta-feira (18), quando a moeda americana subiu 3,3% e fechou o dia valendo R$ 1,93 – já traz o risco de impacto sobre os indicadores de custo de vida do País e conseqüente pressão sobre a inflação ainda em 2008. Quinta, na máxima do dia, a moeda americana chegou a valer R$ 1,96. Ao longo do mês de setembro, o dólar acumula alta de 18,2%, e chegou ao maior valor desde setembro de 2007.
“A alta do dólar traz dois impactos importantes: um é a pressão sobre os preços livres, como o dos itens importados, por exemplo. O outro impacto é sobre os preços administrados por índices de inflação como os Índice Gerais de Preços (IGPs), que são referenciais de preços de contratos como aluguéis,seguros e tarifas públicas”, explica o economista Márcio Nakane, coordenador técnico da Tendências Consultoria. Segundo ele, os dois tipos de impacto têm pesos semelhantes sobre a inflação – em média, a cada 10% de elevação do dólar, existe um impacto de 1% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “Ou seja, primeiro ocorre uma pressão sobre os preços no atacado, no IGP, que depois é repassada para o varejo”, afirma Nakane.
No entanto, ele avisa que esse cálculo é uma simulação e não leva em consideração outras forças em atuação na economia. “Há muitas coisas acontecendo. Ao mesmo tempo que o dólar sobe, há fatores que podem amenizar o impacto inflacionário, como a queda das commodities (matérias-primas) e a elevação dos juros”, observa. De acordo com Nakane, ainda é cedo, no entanto, para prever o comportamento da moeda americana nos próximos dias e seu impacto efetivo sobre a inflação. “A pressão vai existir sim mas é muito difícil prever o quanto neste momento. O dólar a R$ 1,90 é reflexo dos acontecimentos da semana.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.