A disparada do dólar vai provocar estragos no balanço financeiro das empresas no segundo trimestre. Só em junho, a alta acumulada pela moeda americana chega a 9,3%. O sócio da consultoria Austin Asis, Erivelton Rodrigues, alerta que hoje as empresas estão ainda menos protegidas contra as oscilações cambiais do que no final de 2001 quando o dólar alcançou a cotação recorde de R$ 2,83.
Quem não se protegeu agora parece estar temeroso de entrar no mercado no momento errado. É o que afirma o vice-presidente de renda variável do Lloyds TSB, Pedro Thomazoni. ?A pressão no dólar não reflete uma busca por hedge (proteção). Muitas empresas estão com medo de fazer hedge fora de timing e amargar perdas, como ocorreu com algumas delas em 2001.?
Isso foi exatamente o que ocorreu com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 2001. A empresa demorou a fazer operações de hedge e registrou fortes perdas. Para manter o balanço no azul precisou lançar mão de um artifício contábil, conhecido como diferimento cambial, que permite a empresa diluir ao longo de quatro anos as perdas com a alta do dólar. O mecanismo foi aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para aliviar o balanço das empresas em 2001.